Servidor Luis Ricardo Miranda, deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e senador Renan Calheiros (AL). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.

O servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, afirmou em depoimento da CPI da Covid, nesta sexta-feira (25), que a fatura das vacinas da Covaxin tinha sido enviada com erros, e que só foi retificada depois das denúncias encaminhadas ao presidente Jair Bolsonaro. Ele depôs junto com o irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).

Indagado por Renan Calheiros, o servidor Luis Ricardo negou que alguém tenha oferecido a ele qualquer tipo de vantagem para facilitar a importação da Covaxin, mas confirmou pressão de seus superiores no Ministério.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respondeu durante a reunião da Comissão à acusação do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) de que Randolfe teria participado de uma reunião com a Precisa Medicamentos, representante da vacina indiana Covaxin. A CPI está investigando possíveis irregularidades nas negociações para a aquisição dessa vacina por parte do governo federal.

De acordo com Randolfe, sua reunião com a Precisa, ocorrida em abril, foi transmitida ao vivo pela internet. Ele afirmou ter feito reuniões semelhantes com empresas representantes de outras vacinas, como Janssen e Pfizer, por exemplo. Para o senador, buscar vacinas é dever público dos senadores e também do governo.

— Ir atrás de vacina não é crime. Comprar vacina superfaturada e propositadamente omitir vacinas devidas aos brasileiros: isso é crime, isso é morticínio, e é isso que esta CPI deve investigar— declarou Randolfe.

A acusação de Flávio Bolsonaro foi feita após matéria publicada pela revista Veja, que aponta a participação de Flávio em reunião com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos. Segundo essa reportagem, em 13 de outubro de 2020 Flávio participou de uma videoconferência com Maximiano e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

Em vídeo publicado na internet, Flávio Bolsonaro afirmou não ter nenhuma relação comercial ou financeira com o dono da Precisa Medicamentos. Ele disse que só pediu ao BNDES que ouvisse o empresário sobre uma proposta, de uma outra empresa que Maximiano representava, relacionada à internet para as regiões Norte e Nordeste. No mesmo vídeo, ele disse que Randolfe havia se reunido com representantes da Precisa.

Empresa

A Precisa Medicamentos está no foco das investigações da CPI da Covid desde a divulgação do depoimento do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, na última semana. O depoimento foi prestado ao Ministério Público Federal em março, em um inquérito que investiga se houve favorecimento na negociação de compra da Covaxin. O servidor alegou ter sofrido pressão de superiores para assegurar a importação dessa vacina, cujo custo de aquisição foi superior ao de outras fabricantes.

O servidor e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), foram ouvidos nesta sexta-feira (25). Em declarações públicas recentes, o deputado afirmou ter comunicado ao presidente Jair Bolsonaro as suspeitas de irregularidades. O presidente, conforme o relato do deputado, teria respondido que determinaria à Polícia Federal a investigação do caso, mas não há notícia de que isso tenha ocorrido. A negociação também está sob suspeita em razão do valor unitário das vacinas, considerado elevado, em torno de R$ 80.

Fonte: Agência Senado.

Veja a apresentação dos irmãos Miranda na abertura dos depoimentos: