Barra Torres afirmou que foi incisivo contra a mudança da bula do medicamento. Foto: Reprodução/Youtube.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, do Senado Federal, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, confirmou a tentativa de alteração, via decreto presidencial, da bula do medicamento cloroquina, para que este fosse indicado no tratamento contra o novo coronavírus.

A confirmação da intenção do Governo Federal levou que diversos políticos se posicionassem contra a medida, o que na opinião de opositores do presidente Jair Bolsonaro se configuraria como uma ação prejudicial à saúde da população.

“Gravíssimo”, disse o deputado federal José Nobre Guimarães (PT), em suas redes sociais. Na opinião do parlamentar, “não foi equívoco, foi estratégia para ceifar vidas.

Segundo o petista, o presidente da República “é um risco para a humanidade”. Ele destacou, ainda, que o Governo Federal cria uma Secretaria de Enfrentamento da Covid mais de um ano depois do primeiro caso no País e com um total de 423 mil mortos.

Para o senador Cid Gomes (PDT), a cada dia que passa, com os depoimentos da CPI, fica claro que o presidente da República conduziu o processo de combate à pandemia de forma irresponsável. “Mobilizou o Governo, parte das Forças Armadas e dinheiro público com a insistência insana por um remédio sem eficácia. É, no mínimo, um despreparado”, atacou o pedetista.

O deputado José Airton Cirilo (PT) afirmou que tentar mudar a bula da cloroquina, visando incluir a Covid, “é um ato criminoso”. Ele voltou a destacar que não existe tratamento precoce para a doença e defendeu mais vacina para a população.

Leônidas Cristino (PDT) também reclamou das falas do presidente da República contra o governo chinês, que segundo o parlamentar, tem atrasado a vinda de insumos para a produção de vacinas pelo Instituto Butantan.

Durante participação na reunião da CPI, o senador Eduardo Girão (Pode) voltou a questionar a eficácia do tratamento precoce com cloroquina, ao que o diretor da Anvisa destacou que estudos atuais sinalizam que tal eficácia é menos favorável do que foi no início de 2020. “Houve esperança na Cloroquina, mas isso mudou. Hoje no mundo tem estudos que vão ser concluídos em 2030, mas a sinalização que temos é um pouquinho menos favorável”.