Pediatra Dra. Mayra Isabel Correia Pinheiro. Foto: reprodução/facebook.

Mayra Pinheiro (Mayra Isabel Correia Pinheiro), cearense que comanda no Ministério da Saúde, desde o início do Governo Bolsonaro, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação, persegue mandatos federais desde o ano de 2014, quando filiada ao PSDB. Primeiro, sem sucesso, tentou ser deputada federal, depois, em 2018, postulou vaga no Senado e ficou com a quarta maior votação: 820.019 sufrágios, atrás dos vitoriosos Cid Gomes e Eduardo Girão, e do candidato Eunício Oliveira. Sua adesão à candidatura de Bolsonaro, no segundo turno da disputa, abriu-lhe as portas para o cargo federal que hoje ocupa.

Pode até ser que o presidente Jair Bolsonaro não a tenha como a sua principal inspiradora para ser defensor intransigente da Cloroquina, como a medicação primeira contra a Covid-19, mas, com certeza, a médica cearense é uma das pessoas que o influenciam a manter o discurso em defesa do remédio, apesar das inúmeras manifestações em contrário sobre a sua efetividade contra o avassalador vírus causador da morte de mais de 450 mil brasileiros. A médica cearense não curvou-se aos senadores da CPI, na última terça-feira (25), e defendeu o seu ponto de vista com a altivez de quem mostra estar consciente do que faz.

O senador Tasso Jereissati, controlador do PSDB local, o primeiro padrinho político de Mayra, evitou confrontá-la na CPI, embora tenha apontado que a posição dela em defesa da Cloroquina, em face de estudos nacionais e internacionais sobre o tema, deixam-na isolada. Tasso, cedeu praticamente todo o seu tempo (15 minutos) para inquirir a depoente ao senador baiano Otto Alencar. Em sentido contrário, o senador Eduardo Girão, como Mayra, aliado do Governo Bolsonaro, enalteceu o trabalho dela. Girão é um dos propagadores do remédio defendido pelo presidente, embora insista em dizer que é um senador independente.

A pequena oposição ao Governo Camilo no Ceará, com algumas exceções, apoia o Governo Bolsonaro. Mas é um apoio até certo ponto tímido. Na eleição municipal de 2020, o próprio deputado Capitão Wagner, candidato a prefeito de Fortaleza, evitava citar Bolsonaro como seu apoiador. Essa timidez, parecida com dubiedade, dá condição a Mayra de assumir a liderança do grupo do presidente no Ceará. Hoje, sem filiação partidária, ela pode filiar-se ao partido que o presidente assumir para ser candidato à reeleição. E não descartem a possibilidade de ela vir a ser postulante ao Governo do Estado, garantindo o palanque que hoje Bolsonaro não tem no Ceará.

Atualmente, no Estado, a oposição conta com o nome do senador Eduardo Girão, até por não ter risco de, finda a disputa eleitoral, ficar sem mandato (ele sendo derrotado ainda terá mais quatro anos no Senado). O deputado Capitão Wagner, repetindo Moroni Torgan, insistirá em ser candidato a prefeito de Fortaleza, também sem correr risco de ficar sem mandato, pois a eleição de prefeito é no meio do mandato de deputado. Mayra não terá essa preocupação de ficar sem mandato, e, diferentemente do senador Girão, cuja atuação na CPI da Covid-19 tem sido sofrível e, em algum ponto, até muito desgastante para sua atividade política, Mayra, em um só depoimento conseguiu fortalecer o seu nome no grupo Bolsonaro.

E, mesmo admitindo, só para efeito de argumentação, que ela seja candidata, é evidente que Mayra, sem as amarras que tinha no PSDB, apoiada por Bolsonaro, seria o nome mais competitivo do que todos os demais oposicionistas do grupo bolsonarista até aqui citados. O candidato próprio do presidente Jair Bolsonaro ao Governo do Estado do Ceará, será o componente novo na disputa pela sucessão do governador Camilo Santana.

E esse postulante, para realmente ser competitivo, não poderá ter o despreparo e os defeitos dos hoje relacionados como adversários do grupo político liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes. E mais, não poderá ser apenas meio Bolsonaro, como é o senador Girão. E ainda, precisa ter coragem para enfrentar os candidatos apoiados por Lula e Ciro Gomes, os dois principais adversários de Bolsonaro na disputa presidencial.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: