Deputado Audic Mota, do PSB, é um dos que admitem conversas com outras legendas para 2022. Foto: ALECE.

Mesmo com a janela partidária marcada para abrir apenas para março de 2022, os bastidores da Assembleia Legislativa do Ceará fervem quando o assunto é a possível troca de partidos por parte dos parlamentares.

Outro assunto muito comentado diz respeito aos que devem deixar a Casa para tentar uma vaga na Câmara Federal no ano que vem.

Em ambos os casos, os deputados levam em consideração uma série de fatores, como a ausência de coligações no próximo pleito, como a possibilidade maior ou menor de uma sigla conseguir atingir o coeficiente eleitoral, formando assim bancadas nas casas legislativas.

Coeficiente

Acredita-se que um partido, de forma isolada, tenha que atingir cerca de 90 mil votos para fazer uma vaga de deputado estadual e 200 mil para uma vaga na Câmara Federal. A partir desses números, a quantidade de votos que cada partido receberá, fará com que seja maior ou menor a necessidade de sufrágios para que o candidato consiga a eleição.

Um deputado do PDT, que forma a maior bancada da AL, disse sem querer identificar-se, que acredita que um candidato pedetista precise de 50 a 60 mil votos para se eleger deputado estadual. Partidos menores, com menos candidatos capazes de acumular muitos votos, tendem a ter mais dificuldade, portanto.

Mudança de partido

Pensando nisso, muito se fala sobre trocas de partido entre os parlamentes. Assim como o marido (deputado federal Dr. Jaziel Pereira), a deputada Dra. Silvana tem boa chance de deixar o PL e avalia onde poderá encaixar-se melhor. O partido Progressistas é um dos mais cotados.

O grupo comandado pelo deputado federal Capitão Wagner pode estar de saída do Pros, a caminho do PSL, antigo partido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A medida poderia impactar na bancada oposicionista na Assembleia, visto que os deputados estaduais Soldado Noelio e Tony Brito integram o grupo.

Nova casa

Alguns parlamentares também deverão buscar uma mudança da Assembleia Legislativa para a Câmara Federal. Dois deles não escondem que o farão, como é o caso de André Fernandes (Progressistas) e Fernanda Pessoa (PSDB).

Dr. Carlos Felipe (PCdoB) já afirmou inúmeras vezes que não sairá mais candidato a uma vaga na Assembleia, o que faz com que todos suponham que tentará também um espaço como federal.

Decano da Assembleia, Fernando Hugo (Progressistas) disse ainda não ter decidido se sairá ou não candidato no ano que vem. A saúde frágil tem sido um fator complicador, o que poderia fazê-lo desistir de tentar uma vaga, apoiando o filho, Renan Colares, hoje vereador de Fortaleza pelo PDT.

Outro parlamentar que vem sendo bastante cogitado para deputado federal é o vice-presidente da Assembleia, Fernando Santana (PT), ainda em seu primeiro mandato como estadual. O posicionamento de Santana deve ser discutido pelo partido nos próximos dias, com a coordenação do ex-deputado Ilário Marques.

Elmano Freitas (PT) acredita que o PT lutará para manter a bancada atual, segunda maior da Casa com 4 nomes. Ele admite, porém, que a decisão de Fernando Santana terá impacto direto nessa questão, visto que o colega teve expressiva votação (95 mil votos). “Caso ele saia para estadual, acredito que possamos fazer novamente 4 cadeiras. Caso vá para federal, e é uma decisão dele que temos que respeitar, acredito que temos mais chances de fazer 3”, opinou o petista.

Insatisfação e conversas

Questionado sobre a possibilidade de deixar o PSB, o deputado Audic Mota admite que tem conversado com outras siglas. “Toda véspera de janela partidária esse assunto, obviamente, vem à tona. Nós temos convite de alguns partidos do Estado do Ceará para que a gente possa avaliar uma mudança de partido, e isto está sendo avaliado. A gente tem uma conversa muito avançada com o PP, o Progressistas, mas a definição só vai ocorrer em março. É óbvio que, antes dessa janela, haja esse diálogo, que é democrático, republicano e natural”, disse ao Blog do Edison Silva.

O parlamentar, no entanto, mostrou uma insatisfação com o PSB, no que diz respeito à eleição passada.

“Você tem que saber que relação, que responsabilidade tem o partido. Na eleição passada, por exemplo, o fundo partidário do PSB que veio foi utilizado todo com um deputado federal. Eu era deputado estadual pelo partido, 1º secretário da Casa, com base eleitoral forte – como demonstrou ao final, com 50 mil votos, mesmo com toda a perseguição – mas o que ocorreu é que não recebi um centavo do partido”, lamentou.

Sem citar nomes, ele afirmou ainda que um candidato a federal pelo Ceará ficou sozinho com os R$ 3 milhões que o PSB recebeu de fundo eleitoral. “Um critério absurdo, assim não dá”, concluiu.