Projeto aprovado tem como autor Jorge Pinheiro. Foto: CMFor.

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou projeto de Indicação, de autoria do vereador Jorge Pinheiro (PSDB), que autoriza o Poder Executivo a construir um monumento para homenagear a Princesa Isabel, por sua participação na Abolição da Escravatura.

A proposta gerou muitas críticas por parte de alguns parlamentares que questionaram a importância da então monarca no fim do período de escravidão no Brasil.

O vereador Ronivaldo Maia (PT), por exemplo, lembrou que vários nomes mereceriam uma estátua na Capital cearense e chegou a solicitar que a matéria fosse retirada de pauta.

O parlamentar lembrou que o Ceará aboliu a escravidão em seu território no dia 25 de março de 1884, quatro anos da decisão para todo o País. “O Estado do Ceará tem uma data magna no dia 25 de março para lembrar que não é o dia 13 de maio. Precisamos pensar a história e a importância que ela tem”, frisou.

A vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL) afirmou que as figuras monárquicas no Brasil, em aspectos gerais, contribuíram para todo o contexto de colonização e escravidão no País. “Existe uma supervalorização dessas figuras monárquicas em detrimento da nossa população negra e indígena. Quem mais precisa ser reconhecido são os negros e indígenas”, defendeu.

Para Gabriel Aguiar (PSOL), apesar da importância da Princesa Isabel neste contexto, houve ocultação de vários fatores que contribuíram para a escravidão brasileira por parte da família da monarca, inclusive, de seu pai, D. Pedro II. “A gente fazer estátua para homenagear pessoa branca em um contexto de escravidão? Isso não se sustenta”, disse ele defendendo um monumento em que homenageie os inúmeros negros e negras que lutaram pelo fim desse período em solo brasileiro.

Segundo Larissa Gaspar (PT), “a Princesa Isabel está longe de ser redentora de alguma coisa”. Conforme informou, a família imperial se serviu da escravidão por muito tempo, e depois das lutas de negros e negras “acordou para a necessidade de autorizar a Lei Áurea”.

Para Guilherme Sampaio (PT), o monumento deveria homenagear figuras negras que atuaram em defesa do fim da escravidão no Ceará. “A abolição não se deu por causa dessa realeza, se deu depois da morte e tortura de milhões de negros e negras”.

Danilo Lopes (Podemos), por sua vez, defendeu uma homenagem à figura de Maria Tomásia, que conforme informou, juntava dinheiro para garantir a carta de alforria de escravos no Ceará. Ele lembrou que ela estava entre aqueles que presenciaram o fim da escravidão no Estado. Apesar das críticas de alguns parlamentares, a proposta foi aprovada com 19 votos favoráveis e 11 contrários.