Senador é apontado por seus pares como aliado do Governo Bolsonaro. Ele nega. Foto: Reprodução/Youtube.

O senador Eduardo Girão (Podemos) tentou de todas as formas influenciar na escolha da presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. No entanto, o parlamentar cearense conseguiu apenas três votos, enquanto que Omar Aziz (PSD-AM) foi escolhido por oito votos e criticou qualquer tentativa de politizar a investigação diante de quase 400 mil mortes pela doença.

O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, o principal partido do Centrão, aliado do presidente Bolsonaro, votou em Osmar Aziz, aliado da oposição ao Governo na CPI.

Girão chegou a propor um acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na tentativa de viabilizar sua postulação. Ele prometeu a Randolfe (Rede-AP) caso fosse eleito presidente daria a metade do tempo de duração da CPI para ser comandada por Randolfe, candidato único à vice-presidência do colegiado.

Eduardo Girão foi autor de proposta para estender o inquérito para investigar Estados e Municípios, apensado ao requerimento de instalação da CPI que já havia sido protocolada por Randolfe (Rede-AP). Girão é tido por seus pares como aliado do presidente Jair Bolsonaro, mas tem se colocado como independente e defensor da “independência e justiça” na CPI.

“Se decidimos fazer a CPI para todos os entes federados, inclusive com a mobilização popular para isso, que ela seja equilibrada, técnica e com responsabilidade com o país que na verdade deveria era estar debatendo reformas importantes como a tributária e administrativa”, defendeu Girão em suas redes sociais.

Durante debate da escolha da presidência e relatoria do colegiado, o senador voltou a afirmar que a população estava acompanhando todo o processo e reclamou do acordo que colocou Omar Azis na presidência e Renan Calheiros (MDB-AL) na relatoria. “Nós começamos mal esta CPI. Perde credibilidade pelo conflito flagrante de interesse e acredito que poderíamos consertar isso com a proposta de ter um eventual acordo para o senador Randolfe ser o meu vice. Eu seria presidente pela metade do período e o senador Randolfe seria o vice-presidente que assumira a presidência pela metade”, sugeriu.

Ele voltou a reclamar do parentesco entre Renan Calheiros e Renan Filho, governador de Alagoas, que é seu filho. “Eu percebo que existe um direcionamento quando se tem um pré-julgamento de alguns colegas aqui da comissão, dizendo na imprensa quem é o culpado ou o inocente. Isso tira a credibilidade do trabalho que vamos fazer. Isso não dá isenção”.

Em resposta às falas do senador cearense, Renan Calheiros lembrou que o Estado de Alagoas, segundo ele, não tem nenhuma investigação referente aos recursos para combater a pandemia. “Foi o Estado que mais gastou com saúde, levando em consideração a receita líquida. Construiu seis grandes hospitais, nunca passou de 80% nas ocupações de suas UTIs. Isso é censura prévia e nós estamos vivendo em tempo democrático”, apontou.