Girão tentou presidir o colegiado, mas recebeu apenas três votos de seus pares. Foto: Divulgação.

O senador Eduardo Girão (Podemos) se notabilizou nas últimas semanas como um dos principais defensores da CPI da Covid, instalada no Senado Federal. O parlamentar, porém, disse desacreditar na eficácia do colegiado, tendo em vista a escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator e o palanque político que será feito a partir das investigações.

No entanto, ele pretende ouvir, na CPI, gestores federais, estaduais e municipais, além de políticos e até o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello.

Para o senador, existem indícios de malversação do dinheiro público que tem preocupado os congressistas, principalmente, porque esses recursos foram encaminhados para ser utilizados no combate à pandemia do novo coronavírus.

A gente vai lutar dia após dia em busca da verdade. Que se busque o equilíbrio de investigar o Governo Federal, mas também os bilhões de Reais que foram transferidos para estados e municípios”.

Ainda segundo Girão, existe uma tendência de se fazer “palanque em cima do caixão de 400 mil pessoas”, visto que existem presidenciáveis interessados na CPI, alguns, inclusive, já se manifestando sobre as eleições do próximo ano. “Isso tira a credibilidade da população que poderia estar apoiando a CPI. Já começa mal. É público e notório quem é a favor de Governo e quem é independente”, destacou.

Para o parlamentar, a CPI nasceu desacreditada a partir do discurso do relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na avaliação de Girão, em seu pronunciamento, o emedebista já apontou culpados e inocentes, antecipando seu julgamento. “Aí não tem sentido. Acredito que não atende aos anseios da sociedade. Nenhum cidadão de bem, seja ele a favor ou contra o Governo, se satisfaz com isso. O cidadão de bem quer que a coisa seja justa e correta e essa decisão sobre a relatoria não atendeu a ninguém”.

Covid

Em sua avaliação, tanto para o Governo Federal quanto para governos estaduais e municipais, é normal que se busque antecipar alguns questionamentos que serão feitos no âmbito da comissão. Girão, por exemplo, fez uma série de requerimentos e pedidos de informação sobre o Consórcio Nordeste, a construção de hospitais de campanha, recursos enviados para o combate à Covid no Município de Fortaleza. Ele quer, inclusive, ouvir a subprocuradora Lindoura Araújo e até o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio.

“A gente precisa fazer isso com isenção, sem conflitos de interesses. Mas a CPI já começou equivocada e começa a ficar desacreditada pela composição dela. É normal que se liste tanto do Governo Federal quanto dos outros entes da Federação. Vamos perguntar muitas coisas. Se quer fazer uma CPI séria, é por aí”, afirmou o senador.