Procuradores da Força-Tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba/PR. Foto: Divulgação.

A procuradora Jerusa Viecili, ex-integrante da Força-Tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba/PR disse que ela e seus colegas ajudaram a eleger o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que deveriam se desvincular dele.

O diálogo foi enviado pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (29).

“Delta, sobre a reaproximação com os jornalistas, minha opinião é de que precisamos nos desvincular do Bozo [Jair Bolsonaro], só assim os jornalistas vão ver a credibilidade e apoiar a LJ [Lava Jato]. Temos que entender que a FT [Força-Tarefa] ajudou a eleger Bozo, e que, se ele atropelar a democracia, a LJ será lembrada como apoiadora. eu, pessoalmente, me preocupo muito com isso (vc sabe)”, disse Jerusa Viecili a Deltan Dallagnol em 29 de março de 2019.

Segundo Jerusa, os procuradores tiveram oportunidade de desvincular a imagem deles da do presidente no caso do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), acusado de um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).

“Veja que, no passado, em pelo menos duas oportunidades poderíamos ter nos desvinculado um pouco do Bozo nas redes sociais: 1. caso Flavio (se fosse qualquer outro político envolvido, nossa cobrança por apuração teria sido muito mais forte); 2. caso da lei de acesso à informação que o bozo, por decreto, ampliou rol de legitimados para decretar sigilo e depois a Camara derrubou o decreto”, disse a procuradora.

Jerusa também lembrou que não houve nenhuma manifestação da Operação Lava Jato quando Bolsonaro elogiou a Ditadura Militar.

“Agora, com a ‘comemoração da ditadura’ (embora não tenha vinculação direta com o combate à corrupção), estamos em silêncio nas redes sociais. Não prezamos a democracia? concordamos, como os defensores de bozo, que a ditadura foram os 13 anos de governo PT [Partido dos Trabalhadores]? A LJ teria se desenvolvido numa ditadura?”, questiona.

“Sei que há uma preocupação com a perda de apoio dos bolsominions, mas eles diminuem a cada dia. o governo perde força, pelos atropelos, recuos e trapalhadas, a cada dia. converse com as pessoas: poucos ainda admitem que votaram no bozo (nao sei como Amoedo [João Amoêdo, candidato do Partido Novo] nao foi eleito no 1º turno pq ultimamente, so me falam que votaram nele). enfim, acho que defender a democracia, nesse momento, seria um bom início de reaproximação com a grande imprensa.”

Deltan diz concordar com a procuradora. “Concordo Je. Acho nota esquisita. E se fizermos artigos de opinião? Acho que não da pra bater, mas da pra firmar posição numa abordagem mais ampla.”

Com informações do site ConJur.