Vereador Pedro Matos lamentou o impacto negativo nos empregos com o novo decreto do Governo. Foto: Reprodução/CMFor.

O novo decreto do Governo do Estado, que suspendeu o funcionamento de estabelecimentos não essenciais em Fortaleza a partir das 20h gerou embates entre vereadores da Câmara Municipal.

De um lado aqueles que lamentaram os prejuízos econômicos para a cidade, e do outro os que acreditam que a medida vai evitar situação mais drástica para a população fortalezense.

O primeiro a se posicionar contra o decreto do governador Camilo Santana foi o vereador Pedro Matos (PROS), afirmando que o chefe do Executivo não teve sensibilidade para com os donos de restaurantes que estavam atuando de forma correta com o decreto em vigência.

“Inúmeros estabelecimentos vão ter que fechar suas portas em Fortaleza. É um decreto tão incoerente que um restaurante no shopping ficará aberto até às 15 horas e o shopping até às 20 horas”, reclamou.

O parlamentar solicitou a realização de uma audiência pública para discutir o tema, pois segundo ele, diversos trabalhadores devem ser demitidos por conta da medida adotada pelo Governo do Estado.

De acordo com o decreto, a partir desta quarta-feira (03), até o dia 17 de fevereiro, de segunda a domingo, a partir das 20 horas e até às 6 horas do dia seguinte, fica suspenso o funcionamento do comércio e de serviços não essenciais.

De acordo com o líder do Governo, vereador Gardel Rolim (PDT), nem o governador ou o prefeito Sarto anunciaram o fechamento de estabelecimentos, mas a redução das atividades em duas horas. “É preciso que a população tenha consciência. Mesmo com os decretos, algumas pessoas ainda não tomaram conhecimento da gravidade do caso. Em alguns bairros pessoas estão fazendo verdadeiras festas com 50, 100 pessoas, como se nada estivesse acontecendo. O debate é importante, mas não podemos achar que o vírus foi embora e estamos vivendo na normalidade”, disse.

Léo Couto (PSB) corroborou com o colega e disse que alguns vereadores de oposição “jogam para a plateia” e não apresentam a realidade dos fatos. Segundo ele, o número de infectados com o novo coronavírus dobrou, visto uma variante. “As pessoas estão colocando como se o governador tivesse criado o vírus. O ideal é que todos estivéssemos de mãos dadas. Temos que pensar na vida das pessoas ou não estamos aqui representando a população?”, questionou.

Márcio Martins (PROS) chegou a comparar Camilo Santana ao governador de São Paulo, João Dória, afirmando que o petista “decretou a falência dos setores de bares e restaurantes”. “Duas horas para o setor de bares e restaurantes é decretar a falência. O governador mirou em um dos setores mais pujantes e produtivos da cadeia de entretenimento do Ceará”, criticou.

Priscila Costa (PSC), por sua vez, afirmou que o decreto do Governo do Estado causará mais aglomeração, uma vez que limita horário de funcionamento, fazendo com que as pessoas compareçam ao mesmo tempo nos estabelecimentos comerciais. “O funcionário também vai se aglomerar mais nos ônibus e terminais, porque vão sair ao mesmo tempo do trabalho”.

Auxílio emergencial

Para Guilherme Sampaio (PT), porém, todos os gestores têm sido responsáveis em enfrentar a pandemia. “Isso é ter coragem de adotar medidas para salvar vidas. Coragem para ir à tribuna para fazer discursos apaixonados qualquer um tem. Agora, tomar decisões graves, impactando a economia, saúde, em todas as áreas de convivência, isso requer conhecimento ao governador Camilo”.

Também opositor, Gabriel Aguiar (PSOL) partiu em defesa do decreto do governador Camilo Santana, mas destacou que sua fala não era em defesa de qualquer gestor, mas da ciência. De acordo com ele, é preciso que se leve a sério a situação da pandemia e “despolitize a questão da vacinação“.

Júlio Brizzi (PDT), por sua vez, criticou atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, que continua a tratar a doença como “gripezinha”. O pedetista defendeu o retorno do auxílio emergencial.