Câmara e Senado Federal formam o Poder Legislativo Nacional em Brasília.

Nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, com certa decepção, muitos brasileiros, contidos sob elevado grau de irresignação, acompanharão o desfecho de duas importantes eleições para escolha dos dirigentes da Câmara e do Senado da República, as colunas do mais importante Poder da República, o Legislativo. O noticiário nacional, até certo ponto incontestável, nos remete para episódios dos mais degradantes, deploráveis, deprimentes e inimagináveis nos dias atuais.

Quando se experimenta um avançar do exercício da cidadania no País, falar em compra e venda de votos, notadamente no Parlamento nacional, não há como afastarmos o sentimento de ceticismo quanto ao evoluir das relações políticas, ainda muito apequenadas por gestos, ações e fatos como esses protagonizados dentro e fora do Congresso Nacional.

Com todas as reservas que possamos fazer em relação às eleições da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa cearense, notadamente pela falta de independência da maioria dos nossos deputados, quando aceitam receber, do Palácio da Abolição, ou das outras lideranças do grupo governista, o nome do presidente a ser eleito para conduzir o Poder Legislativo estadual, de há muito, no Ceará, não temos mais a compra e venda direta do voto nessas eleições.

No passado, em oportunidades outras, denunciamos casos parecidos com os hoje apontados na eleição das Mesas da Câmara e do Senado. Na Câmara Municipal de Fortaleza, também hoje é diferente. Não existe mais o tal do “toddy”, o substituto da palavra dinheiro para a compra do voto nas eleições para escolha dos seus dirigentes.

O Ceará, no momento, não tem nenhum dos seus parlamentares disputando cargo nas mesas da Câmara e do Senado, que serão eleitas no primeiro dia de fevereiro. Aliás, nos 195 anos de funcionamento da Câmara dos Deputados, apenas 4 cearenses chegaram a ser eleitos presidente da Câmara, sendo que Flávio Marcílio conseguiu eleger-se em três oportunidades diferentes.

José Martiniano de Alencar, em 1831 foi o primeiro presidente cearense; João Lopes Ferreira Filho, em 1892 foi o segundo; Flávio Marcílio foi eleito em 31/12/1972 para o mandato que terminou em 02/02/1975; Novamente foi eleito em 31/01/1979, concluindo o período em 30/01/1980; E seu último mandato como presidente da Câmara foi de 01/02/1983 até 02/02/1985. Paes de Andrade foi o último cearense a presidir a Câmara, entre 15/02/1989 e 02/02/1991.

Fora esses cearenses, apenas dois outros, nos últimos anos, destacaram-se na Câmara: Haroldo Sanford e Ubiratan Aguiar. Eles foram eleitos, em momentos distintos, primeiro secretário da Casa, o segundo cargo mais importante no comando daquele espaço. E não há questionamentos sobre a lisura de suas campanhas. Suas campanhas foram limpas.

O retrocesso de hoje, não fosse a letargia a dominar boa parte da população brasileira, deveria estar bem aguçado sentimento de confrontar tais insólitas agressões aos bons costumes, à moralidade e às práticas de combate à corrupção, ainda arraigadas no nosso meio. Essas deletérias ações, além de ampliar o campo de misérias, fortalece, nos contumazes, a prática mais comum de solapar a nossa Democracia, a partir da corrupção.

O cidadão brasileiro precisa reagir urgentemente. O comportamento inadequado de deputados e senadores que vendem os seus votos, agora para a eleição dos dirigentes daquelas duas Casas do Congresso Nacional, e em outras oportunidades para aprovar matérias do Governo, precisa sofrer reprimenda, repulsa, contestação. Hoje, como são bem mais amplos os espaços de protestos, todos eles precisam ser utilizados, com as limitações legais, de modo que na segunda-feira (01/02) todos os congressistas brasileiros saibam da insatisfação da sociedade com o comportamento daqueles que agridem a população e ao próprio Parlamento.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: