A aplicação das provas do exame está marcada para 17 e 24 deste mês em todo o país. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça, em caráter liminar, o adiamento da aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Amazonas, por conta da grave crise de saúde pública decorrente da pandemia da Covid-19 no estado, que enfrenta aumento no número de casos registrados da doença e de óbitos.

Na ação civil pública apresentada na terça-feira (12) à Justiça Federal, o MPF pediu que as provas do Enem sejam aplicadas no Amazonas somente quando houver estrutura suficiente e necessária na rede de saúde, pública e privada, para atendimento dos índices de casos relacionados à pandemia de Covid-19, condição que deve ser atestada por órgão técnico do governo estadual.

O governo estadual prorrogou a situação de calamidade pública no Amazonas por mais seis meses, no dia 6 deste mês, e a Prefeitura de Manaus decretou estado de emergência por 180 dias, em virtude do aumento dos casos de Covid-19 na cidade. Em 2 de janeiro, a Justiça Estadual determinou a suspensão de atividades não essenciais por 15 dias, em atendimento à ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP/AM).

De acordo com o MPF, a manutenção da aplicação das provas do Enem dias 17 e 24 deste mês, no pico da segunda onda da Covid-19, representa perigo à saúde pública e à incolumidade física dos candidatos.

“Além de representar maior circulação do vírus pela cidade, a exposição dos estudantes ao risco de infecção e a insistência na aplicação das provas em janeiro são medidas ilícitas, pois colocam os estudantes e suas famílias em risco aumentado e contribuem para a sobrecarga e o colapso do já insuficiente sistema de saúde local”, afirmam os procuradores da República, na ação.

O MPF pediu que a Justiça Federal obrigue a União e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a adiar a aplicação das provas do Enem no Amazonas ou, caso não entenda ser possível, que a prova seja remarcada para data alternativa já prevista pelo Ministério da Educação (MEC), em fevereiro, para os alunos que não poderiam realizar o exame em janeiro.

Cenário 

Dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas mostram que o índice atual de internações no estado, cerca de 235 na última semana, ultrapassou o pior índice registrado no ano em maio de 2020, durante o primeiro pico da pandemia, quando foram registradas 168 internações por Covid-19.

Apenas nos nove primeiros dias de janeiro, foram contabilizadas 1.542 internações por Covid-19, o que já superou o total de hospitalizações registradas durante todo o mês de dezembro de 2020, quando 1.371 foram internadas com a doença.

A rede privada de saúde já sinalizou colapso da estrutura de atendimento. Os cinco maiores hospitais particulares da capital já comunicaram oficialmente que atingiram a capacidade máxima de atendimento, muitos, inclusive, suspendendo o serviço de pronto-atendimento.

O MPF destacou ainda, na ação civil pública, que, além disso, a maior parte do mundo também enfrentou a nova onda de contágios e mortes e que o vírus tem se transformado, originando novas cepas, que até o momento indicam ser mais transmissíveis do que as inicialmente identificadas.

Fonte: site do MPF.