Ex-vice-prefeita do Eusébio, Lúcia Pinheiro Feitosa. Foto: Reprodução/Instagram.

O ofício encaminhado ao presidente da Câmara Municipal do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, pela senhora Lúcia Nilha Pinheiro Feitosa (Lucinha Feitosa), esposa do presidente estadual do DEM no Ceará, empresário e primeiro suplente de senador Chiquinho Feitosa, renunciando ao cargo de vice-prefeita daquele Município, conhecido no último dia 20, embora sucinto, mas esmeradamente escrito, não alardeou o que ela tomara conhecimento sobre as mazelas em apuração na continuada administração do prefeito Acilon Gonçalves, razão única para sua renúncia. Lucinha, sem a malícia de políticos inescrupulosos, acabou sendo vítima da sua boa fé no afã de dar uma boa contribuição para qualificar os serviços públicos prestados.

Ao não fazer qualquer referência ao nome de Acilon, no ofício encaminhado ao vereador Francisco Roberto Rocha Silva, renunciando ao cargo de vice-prefeita, Lucinha deixou explícito o seu propósito de cortar qualquer vínculo político, supostamente existente com o atual prefeito, desde o início da campanha. Aliás, não há qualquer informação de que ela tenha sequer comunicado a Acilon, antecipadamente, sua decisão de por fim à aliança política. Um gesto de repulsa ao comportamento do prefeito que, inexplicavelmente, chegou a publicar nota lamentando a decisão dela. A nova batida policial na Prefeitura do Eusébio, acontecida na última terça-feira (26), responde a alguns dos questionamentos feitos sobre a renúncia irrevogável da ex-vice-prefeita.

Hoje, depois das várias informações, mesmo não tão claras de representantes do Ministério Público cearense sobre falcatruas na Prefeitura do Eusébio, a expectativa criada por esses informes é a de que muito de errado ainda virá à tona. As investigações são sigilosas, daí, talvez tenha sido a razão de ela não ter falado sobre o que supostamente agora está sabendo, extraoficialmente, de crimes que jamais com os quais compactuaria, ou se omitiria em denunciá-los. Comportamento de quem tem responsabilidade com o exercício da cidadania, e respeito à administração pública. A agilidade dos integrantes do Ministério Público ligados às investigações na Prefeitura do Eusébio, agora, mais do que nunca, é um ponto imperioso. Os investigados, se realmente contra eles existem indícios de práticas delituosas, precisam ser urgentemente denunciados à Justiça.

Evidente que investigações de práticas delituosas contra a administração pública não podem realmente ser feitas de afogadilho. Também não podem ser ad aeternum. O tempo entre começo e o fim deve ser o razoável. Esta operação no Eusébio, denominada “banquete”, começou em 2019. Está em sua quarta fase e ainda nada se sabe sobre denunciados à Justiça. De repente, o tempo do eleitoral parecer urgir mais rapidamente, chega 2022 e alguns dos investigados decidem, por não haver impedimento legal, disputar novos mandatos eletivos e deixar frustrados todos quantos acompanharam os informes do Ministério Público sobre as investigações dos crimes apontados a pessoas ligadas à administração do Município do Eusébio.

Ainda bem que a senhora Lucinha Feitosa, mesmo guardando um certo desapontamento, indica para continuar na vida pública. No ofício da renúncia dirigido ao presidente da Câmara do Eusébio, ela disse: “Deixo claro que é com profunda tristeza que tomo a presente decisão, já que não poderei realizar tudo que havia planejado em benefício das pessoas mais carentes e necessitadas do município e que confiaram em mim na eleição de 2020”. E conclui: “Afirmo que continuarei minha vida trabalhando e procurando ajudar aos mais necessitados, aos carentes e a todos os que vêm até mim, mantendo o princípio que trago comigo desde sempre, que é o de servir ao próximo”.