Ciro Gomes com Camilo Santana. Foto: Divulgação/Facebook.

As próximas eleições gerais acontecerão no dia 2 de outubro de 2022. O governador Camilo Santana, assim, só terá mais 15 meses de Governo, posto ter que renunciar ao mandato no dia 2 de abril do próximo ano para efeito de desincompatibilização, caso decida disputar um mandato legislativo, que tanto pode ser de deputado federal ou de senador da República. E ele, por certo, não vai querer ficar sem mandato. Também, até o início de abril do ano da eleição, Camilo, para ser candidato a senador apoiado pelo grupo liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, terá que deixar o PT, pois Ciro como candidato a presidente da República pelo PDT, não deve desenvolver esforços para fortalecer a bancada do PT no Senado, nem tampouco o seu partido aceite que o faça.

Como as eleições municipais do ano passado, em 2022 também não haverá coligação partidária para as disputas por vagas de deputados estaduais e federais, exceção em relação ao Senado, cuja disputa é considerada majoritária tanto quanto a de governadores e presidente da República. Assim, cada partido tende a fortalecer os seus candidatos. A exceção para o apoio dos pedetistas à uma postulação de Camilo ao Senado, seria o fato de ele estar filiado a um partido coligado com o PDT na defesa da candidatura de Ciro à presidência. O PT, embora o impossível não faça parte do vocabulário da política, sem dúvida, não figurará como aliado do PDT na defesa do nome de Ciro.

A direção do PDT, por certo, não vai querer votar em Camilo para o Senado, com o governador, como aconteceu nas eleições de 2018 e 2020, impossibilitado, por limitações da legislação eleitoral, de pedir votos tanto para o seu candidato a governador como o de presidente da República. Em 2018, Camilo esteve nos palanques presidenciais de Ciro e de Haddad, este do seu partido, o PT. Já em 2020, Camilo não conseguiu demover o PT de ter candidato a prefeito de Fortaleza, concorrendo com o pedetista Sarto, e, por isso, não pode participar da campanha de Sarto no primeiro turno, por conta do impedimento legal. Em 2022, por diversas razões, inclusive pelo desgaste natural da longevidade da liderança, Ciro e Cid não farão concessões para o sucesso eleitoral do grupo.

Além do mais, os próprios filiados do PDT, com mandatos legislativos, já começam a demonstrar certa inquietação com suas perspectivas de reeleição tendo em vista os novos candidatos que surgirão dentro e fora do partido. Vários pedetistas são detentores de mandatos pelo benefício das coligações partidárias proporcionais que não mais existirão. Alguns já falam em estabelecer condições para ficarem filiados à legenda. Embora os líderes políticos estejam sempre a afirmar que 2022 será tratado no momento oportuno, o certo é que já agora, mesmo ainda sob os efeitos dos festejos restritos de um fim de ano atípico, as conversações reservadas só tratam das eleições proporcionais sem coligações, e de quantos e quais novos candidatos poderão tomar vagas dos atuais parlamentares.

A legislação eleitoral que acabou com as as coligações proporcionais foi feita em 2019. Ela foi instituída como uma verdadeira cláusula de barreira para reduzir o número de partidos no Brasil, embora o resultado de pleito municipal nenhuma influência tenha na questão. Os números de voto para deputado federal, sim. Sem coligação cada partido fica na obrigação de eleger um determinado número de parlamentares federais para poder ter garantia de funcionamento pleno, inclusive com direito a participar do rateio dos recursos do Fundo Partidário, a base pecuniária da manutenção de todas as agremiações. Já tem político defendendo o restabelecimento das coligações proporcionais. Como a legislação eleitoral só pode vigorar um ano depois de ser feita, qualquer alteração terá que ser efetivada até o dia 2 de abril próximo.

O jornalista Edison Silva coloca uma lupa sobre os prazos e circunstâncias eleitorais, caso o governador do Ceará, Camilo Santana, deseje ser candidato a mais um mandato eletivo nas próximas eleições: