Após embate, Esio e Márcio conversaram sobre os projetos com pedido de vista em tramitação na Casa. Foto: Miguel Martins.

Na falta de projetos que gerem debates propositivos para a cidade nesta reta final da atual Legislatura, as eleições municipais ainda são o principal fator de embates na tribuna da Câmara de Fortaleza. Na manhã desta quinta-feira (10), mais uma vez, oposição e base governista discutiram o resultado das urnas com foco entre vencedores e perdedores.

Líder da diminuta bancada oposicionista, Márcio Martins (PROS), nas últimas sessões, por falta da presença de seus correligionários, tem protagonizado os principais atritos com a base governista. No episódio desta quinta-feira o parlamentar apontou que a presença do governador Camilo Santana no segundo turno da campanha foi fundamental para a vitória de Sarto (PDT), o que não teria ocorrido, em sua avaliação, apenas com a participação do prefeito Roberto Cláudio.

Ele também direcionou suas críticas a Lúcio Bruno (PDT), ex-secretário da gestão atual e segundo vereador eleito com mais votos no pleito deste ano. Segundo Martins, o pedetista prejudicou muitos de seus correligionários e teria sido beneficiado pela influência que tinha junto ao Governo Municipal.

Para o opositor, muitas matérias impopulares que foram apoiadas pela base governista também influenciaram na derrota de alguns vereadores que não conseguiram reeleição. “Muito ‘jabuti’ nas matérias que chegaram a esta Casa custou a eleição de muitos colegas que acataram os jabutis do prefeito. Alguns pagaram com seus mandatos”, afirmou.

“Se não chama o Camilo para a eleição, se deixa somente nas mãos das lideranças municipais, a eleição seria outra”, afirmou o vereador. De acordo com sua avaliação, o resultado das urnas mostrou que houve expressiva rejeição com candidatos governistas, à exceção de Lúcio Bruno.

“O homem com mais de dois mil cargos na Prefeitura, até minha avó se elegeria. Por falar em cadáver, o Lúcio Bruno ajudou que muitos colegas dessa Casa não voltassem. Com a chave do cofre ele tomou inúmeras lideranças políticas”, afirmou.

Apesar de o vereador afirmar que havia rejeição quanto à base governista, dos 10 parlamentares eleitos com maior votação, oito são da base governista, sendo cinco reeleitos. O fato foi, inclusive, lembrado por Adail Júnior (PDT), destacando que somente sua votação e a do presidente da Casa, Antônio Henrique (PDT), foram superiores às candidaturas de vereadores eleitos pelo PROS.

“Dizer que o prefeito foi derrotado? A cidade de Fortaleza tem dois turnos das eleições. Quem ganhou no primeiro turno? O Camilo não estava presente. Quem ganhou no segundo turno? Foi o Sarto”, disse Adail Júnior. “O prefeito Roberto Cláudio deu foi uma ‘lapada’ em vocês no primeiro turno. E vale lembrar que essa foi uma eleição totalmente atípica, onde vereador caiu na votação mesmo participando de debates e trabalhando 24 horas”.

Líder do Governo, Esio Feitosa (PSB), por sua vez, destacou que, assim como aconteceu em 2016, o pleito deste ano foi marcado por notícias falsas disseminadas pelas redes sociais, bem como por intimidação feita por agentes da Segurança Pública. Ele lembrou, ainda, que, assim como aconteceu naquelas eleições, na disputa de 2020 a população rejeitou o projeto de Capitão Wagner para Fortaleza.

“O povo de Fortaleza escolheu referendar o projeto do prefeito Roberto Cláudio e o resultado das eleições, em que pesem os exercícios de contorcionismos do vereador Márcio, o voto da maioria nos deu essa vitória”, disse Feitosa.

“O que temos que nos debruçar é com o que aconteceu no dia da eleição. Fortaleza foi inundada, assim como foi no Brasil em 2018, por uma série de fake news, panfletos maldosos, mentirosos que envolviam atores políticos e até esta Casa. Todos nós aqui fomos vítimas ou conhecemos vítimas de intimidação por parte de pessoas que investidas de farda tentaram impedir que se posicionassem livremente a sua preferência política” – (Esio Feitosa)

Apesar das tentativas de intimidação, conforme afirmou o líder do Governo, ele destacou que o projeto da base governista se consagrou vitorioso. “Essas intimidações foram feitas em 2016 e agora com mais intensidade. Felizmente, o povo de Fortaleza escolheu o melhor caminho para a sua cidade”, concluiu.