A medida de inclusão da vacina no setor privado não passará porque o Brasil já é reconhecido mundialmente pelo seu plano nacional de imunização. Foto: Reprodução

A aplicação da vacina contra a COVID-19 é uma ação relacionada ao plano de imunização do Ministério da Saúde e, pelo menos, durante o processo de vacinação em massa, não deverá ser realizado pelo setor privado, disse nesta última segunda-feira (14) o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), João Alceu Amoroso Lima. Para ele, não deverá seguir adiante a proposta do Ministério Público Federal (MPF) de inclusão da vacina no rol de serviços dos planos de saúde.

Alceu destacou que a medida não passará porque o Brasil já é reconhecido mundialmente pelo seu plano nacional de imunização, que tem sido uma ação de governo e deve continuar assim.

Ele lembrou que já foram divulgadas várias manifestações, tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo, e também no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de que não haverá venda de vacinas para laboratórios e entidades privadas, pelo menos inicialmente, quando a vacinação em massa requerida deverá ser coordenada. No futuro, o serviço poderá ser prestado nas unidades privadas, acrescentou. “Será como é hoje com o H1N1, quando se pode ir a um laboratório e tomar essa e outras vacinas, que no passado foram objeto de políticas públicas.”, salientou.

O presidente da FenaSaúde disse imaginar que, no futuro, será possível tomar nos laboratórios vacina contra COVID-19, COVID-22, ou seja, contra as variações que possam vir a existir. “E, possivelmente, vai ser discutida a inclusão [desta vacina] no rol [de serviços dos planos de saúde]”, afirmou, durante a entrevista coletiva virtual em que a Confederação Nacional das Seguradoras apresentou o balanço de 2020 do setor segurador.

Desigualdade

De acordo com Alceu, a venda na rede privada, no início da imunização, causaria aumento da desigualdade no país. “No momento, isso não faz nenhum sentido e pode criar um enorme desequilíbrio e aumentar a desigualdade no acesso à vacina. Isso [vacinação] deve ser, sim, uma tarefa do Ministério da Saúde, coordenada com os estados e com todas as instâncias do SUS [Sistema Único de Saúde], como sempre foram as outras campanhas bem-sucedidas de vacinação”, declarou.

Alceu reiterou que, como todo cidadão brasileiro, está ansioso, à espera de um plano nacional de vacinação do governo. Ele ressaltou que a maioria das vacinas anunciadas até agora precisará ser aplicada em duas doses e que, por isso, a vacinação em massa deverá se estender até 2022 para alcançar toda a população brasileira.

“O país vai demorar para atender os 200 milhões de brasileiros: com certeza vai varar 2021 e vamos entrar em 2022. A prudência diz que devemos continuar muito alertas porque o sistema está absolutamente estressado no momento e porque as festas de final de ano geralmente resultam em aglomeração”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil