Plenário da Câmara Federal. Foto: Ascom/CF.

Não é novidade, na política nacional, o que tem sido noticiado de negativo sobre entendimentos para a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, no início de fevereiro do próximo ano, quando começa a terceira sessão legislativa da presente Legislatura (cada ano da Legislatura de quatro anos é uma sessão). Mas é sempre repugnante os fatos vindos à público, a partir da indicação da submissão de vários dos integrantes do Poder Legislativo aos caprichos da chefia do Poder Executivo.

Infelizmente, com raríssimas exceções, prefeitos, governadores e presidente da República, sempre têm envidados esforços, utilizando-se de expedientes reprováveis, para ter no comando dos legislativos respectivos, pessoas que facilmente concordam com suas medidas, independentemente de serem benéficas ou não à população.

É legítimo o interesse do governante em ter um dos seus aliados comandando o Legislativo a que se reporta. O ilegítimo é querer, como vem acontecendo, comprar os votos dos inescrupulosos, e são muitos, para alcançar o seu objetivo, comprovando que, aquele escolhido, não é o da preferência da maioria dos colegas de Parlamento. As afirmações do ex-ministro do Turismo, Álvaro Antônio, antes de ser exonerado do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, são muito graves e, se o Legislativo realmente exercesse a independência que a Constituição da República lhe confere, não haveria outra medida a adotar senão a abertura de um processo de impeachment.

“O nosso governo paga um preço de aprovações de matérias nunca visto antes na história, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o sr. pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)”, escreveu Marcelo Álvaro Antônio para todos os seus ex-colegas de ministério, no grupo de WhatsApp deles, referindo-se ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o responsável pelas articulações políticas da Presidência da República. Que preço realmente o Governo paga para aprovar as matérias que nenhum outro pagou? É uma afirmação muito séria a que ele fez. O ex-ministro precisa ser chamado para esclarecer e provar o que afirmou. E o Legislativo é o Poder, antes do Judiciário, onde a questão precisa ser aclarada.

São acusações como as do ex-ministro Álvaro Antônio que consolidam a ideia negativa que a maioria dos brasileiros tem da política e dos políticos. E, lamentavelmente, por falta de reação dos próprios políticos, essa aversão à política não arrefece. E mais, os integrantes do Legislativo também precisam ser mais criteriosos com a escolha dos representantes do Poder. De fato, todos somos inocentes até prova em contrário. Em se tratando de detentor de mandato a coisa muda de figura, e todo aquele que for acusado de malfeito precisa provar não tê-lo feito, para de fato ser considerado inocente. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era acusado de práticas delituosos envolvendo recursos públicos, e mesmo assim os seus colegas o elegeram e, pouco tempo depois tiveram que promover a cassação do seu mandato, e logo em seguida ele era preso por determinação judicial.

Sua eleição para a ocupar o cargo de presidente não teve ajuda da então presidente Dilma Rousseff, mas foi consequência do trabalho dela para eleger um dos seus. Agora, por conta das denúncias contra o deputado Arthur Lira, nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, pode acontecer o inverso e, a Câmara Federal experimentar mais desgastes ainda, acontecendo o vaticínio do senador Cid Gomes, que afirmou, no início deste ano no plenário do Senado Federal, ser o deputado Arthur Lira um segundo Eduardo Cunha.

O jornalista Edison Silva comenta a denúncia de compra de apoio na Câmara Federal feita pelo ex-ministro do Turismo do Governo Bolsonaro: