Momento em que Sarto recebe a adesão do ex-candidato Célio Studart do PV. Foto: Divulgação.

O deputado estadual José Sarto (PDT), presidente da Assembleia Legislativa cearense, foi para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de Fortaleza, encerrado no último domingo (29), vencendo no primeiro turno o Capitão Wagner (PROS), em 15 de novembro passado, com uma diferença de 30.819 votos (Sarto conquistou 457.622 sufrágios contra 426.803 de Wagner). O pedetista foi eleito para suceder o prefeito Roberto Cláudio (PDT), segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (STF) conhecidos à noite do dia 29 de novembro, com uma vantagem de 43.760 votos, resultando em uma acréscimo de 12.941 votos entre uma e outra votação.

Na segunda etapa da campanha, Sarto somou aos apoios já oficializados no momento do lançamento de sua candidatura, os de várias outras agremiações cujos candidatos haviam sido derrotados no primeiro turno, dentre elas o PT, cuja candidata Luizianne Lins foi a terceira mais votada nas eleições deste ano, somando 227.470 votos; assim como o PV do candidato Célio Studart, com 45.369 sufrágios; para citarmos apenas dois com boa votação. Além do mais, o candidato vencedor contou com a participação ativa e presencial do governador Camilo Santana (PT), assim como a articulação do senador Cid Gomes (PDT), responsável pela arregimentação de correligionários do Interior que buscaram votos de familiares e amigos da Capital.

O segundo turno é sempre uma nova eleição, recentemente tratamos disso. Se olharmos para as últimas disputas, em Fortaleza ou qualquer outra localidade, confirmamos a assertiva. O eleitor que votou em qualquer dos outros candidatos escolherá entre os dois finalistas não necessariamente olhando para os apoiadores de um ou do outro, mas observando posições, propostas próximas daquelas que o motivou a votar no primeiro turno, isto, sem falar na questão da empatia. Fosse diferente, o candidato que mais agregasse adesões teria uma votação correspondente à força dos apoiadores. Como com o Sarto isso não aconteceu. A votação de todos os demais postulantes no primeiro turno foi praticamente dividida ao meio entre ele seu concorrente Wagner.

Ademais, os órfãos de candidatos no segundo turno da eleição, e isso vale também para as disputas de governador e de presidente da República, estão sempre mais sensíveis aos acontecimentos da parte final da disputa. Um debate de grande audiência entre os candidatos às vésperas da votação, como o que aconteceu em Fortaleza, tem o poder de alterar o que as pesquisas prognosticavam. Do mesmo modo desestrutura qualquer candidatura, uma ação policial como a acontecida, há poucas horas do início da votação no Município de Caucaia, com a apreensão de uma expressiva quantidade de dinheiro para a compra de votos, como noticiado. Nenhuma pesquisa foi feita após esses dois exemplos citados, mas os dois casos, com maior ou menor intensidade, influenciaram nos resultados das duas disputas.

O caso de Caucaia, abjeto sob todos os aspectos, infelizmente ainda faz parte da política nacional. Felizmente a maioria dos eleitores e de políticos não compartilha dessa indignidade, e, quando possível, punem os seus autores. O prefeito Naumi Amorim, não há como dissociá-lo do crime, mesmo que não venha a ser condenado ou, sequer acusado da prática delituosa, já recebeu a punição mais severa do eleitorado, a de não ser reeleito, pois não há dúvida que o seu insucesso na disputa tem ligação direta com esse fato, embora sua administração não esteja sendo bem avaliada pela população de Caucaia.

O jornalista Edison Silva analisa a repercussão, na votação do segundo turno, dos apoios partidários recebidos em Fortaleza por Sarto e Capitão Wagner: