Fortaleza possui sete vereadoras atualmente. Seis tentam a reeleição. Fotos: Divulgação.

Com 77,6 milhões de representantes, elas ainda são a maioria do eleitorado brasileiro, representando 52,49% das pessoas que irão registrar voto no pleito deste domingo (15). No entanto, as mulheres continuam sendo minoria quando o assunto é representatividade feminina nas casas legislativas.

Para se ter uma ideia desta distância gritante entre homens e mulheres no Legislativo, em Fortaleza, Capital do Ceará, dos 43 assentos na Câmara Municipal, somente sete são utilizados por mulheres. Na disputa eleitoral deste domingo (15), elas esperam mudar esse quadro e tentar, mais uma vez, eleger o maior número possível de candidatas.

A tarefa, porém, não será fácil, ainda que nos últimos anos a Justiça Eleitoral tenha incentivado uma maior participação das mulheres nas disputas eleitorais. Dentre os impedimentos que fazem com que elas participem de forma mais ativa da vida política da cidade estão o preconceito, tanto de homens como de mulheres no voto feminino, quanto as duplas, e muitas das vezes triplas, jornadas de trabalho.

Em 2012, foram eleitas sete mulheres para a Câmara Municipal de Fortaleza: “Bá”, Toinha Rocha, Cláudia Gomes, Germana Soares, Leda Moreira, Tamara Holanda e Magaly Marques. Algumas delas, assim como acontece em todo Legislativo pelo Brasil, foram eleitas graças ao apadrinhamento político de pais, maridos ou algum líder político que apostou em suas candidaturas.

Em 2016, seis mulheres foram eleitas para a atual Legislatura. Foram elas “Bá”, Cláudia Gomes, Marta Gonçalves, Priscila Costa, Marília do Posto e Larissa Gaspar. Em 2019, Libânia Holanda se beneficiou da eleição de Célio Studart (PV) para deputado federal e assumiu uma vaga na Casa Legislativa. A parlamentar abdicou da reeleição neste ano para apoiar a candidatura a vereador do ex-marido, o ex-deputado Tomaz Holanda.

Com os benefícios que as candidaturas femininas foram recebendo ao longo dos anos, os partidos foram obrigados a recrutar mulheres para participar do pleito eleitoral para preencher a cota de 30% da chapa. No entanto, a medida tem feito com que muitas das postulantes atuem apenas para, por exemplo, manter o número mínimo exigido para cada gênero.

No pleito deste ano os partidos também ficaram obrigados a ceder uma parte dos recursos da campanha, exclusivamente, para candidaturas femininas. No entanto, conforme mostrado pelo Blog do Edison Silva, através da plataforma Divulgacandcontas, muitas agremiações não estavam atendendo às exigências da Legislação Eleitoral.

Neste domingo, aquelas candidatas que realmente se dedicaram ao pleito eleitoral, que buscaram apoios, fizeram campanha e se apresentaram para o eleitorado, terão mais uma chance de figurar como eleitas para a Casa Legislativa. A tarefa, como sempre, não será fácil, mas, aos poucos, a mudança vai acontecendo.

“Nós somos a maioria do eleitorado deste país, não podemos falar em democracia sem a real participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. Todos os instrumentos disponíveis para aumentar a participação política das mulheres devem ser concretizados conforme dispõe a legislação correlata”, afirmou a vereadora Larissa Gaspar, do PT, que tenta reeleição neste domingo (15).

Segundo ela, além de ter mais mulheres, o parlamento de Fortaleza deveria oferecer mais espaços internos  assegurando às mulheres a liderança deles. “Comissões como CCJ, de orçamento, nunca ficaram com mulheres à frente. A presidência da Casa também precisa ser conduzida por uma mulher, assim como a vice presidência. Um espaço importante a ser criado, a Procuradoria da Mulher da Câmara, precisa sair do papel”, defendeu.

Cláudia Gomes (DEM), que também disputa reeleição, afirmou que com um percentual de mais de 50% do eleitorado municipal, é inadmissível que somente pouco mais de 16% da representação na Casa seja de mulheres. “A presença das mulheres na vida pública tem superado preconceitos e é fundamental para garantir a igualdade de direitos. Existem demandas que são específicas das mulheres e ninguém melhor do que as próprias para deliberarem sobre os assuntos”, afirmou.

Vice

Para a disputa majoritária, na Capital cearense, duas mulheres se colocaram como candidatas: Luizianne Lins, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Paula Colares, do Unidade Popular (UP). No entanto, muitos candidatos colocaram mulheres como suas colegas de chapa.

Foi o caso de Capitão Wagner (PROS), que tem como candidata a vice a advogada Kamila Cardoso (Podemos); Samuel Braga (Patriota) com Roberlene Rodrigues (Patriota); Anizio Melo (PCdoB), que tem como vice a professora Helena Monteiro (PCdoB); Heitor Freire (PSL), com a Cabo Maia (PSL); e Renato Roseno (PSOL), com Raquel Lima (PCB).