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Moroni Torgan, vice-prefeito da Capital cearense, um histórico político do DEM, sempre muito bem votado em Fortaleza, e no Ceará, sai das competições eleitorais sem fazer do filho o seu sucessor, embora tenha tentado em duas seguidas eleições. Mosiah de Caldas Torgan, nas disputadas de 2018 e 2020, não conseguiu os mandatos tentados: de deputado federal e de vereador em Fortaleza, coincidentemente, no mesmo período em que o pai é vice-prefeito de Fortaleza. A propósito, Moroni também foi vice-governador do Estado, no segundo governo do hoje senador Tasso Jereissati, quando ele iniciou a sua vida político-partidária.

Moroni foi quatro vezes candidato a prefeito de Fortaleza (em 2000, 2004, 2008 e 2012) e uma a vice-prefeito de Roberto Cláudio, em 2016, sempre filiado ao DEM, e ao antecessor deste, o PFL. Além das derrotas nas disputas pela Prefeitura da Capital cearense, a única outra eleição majoritária de que participou foi a de senador, quando perdeu para Inácio Arruda. Sua iniciação política foi ao lado do então governador, o hoje senador Tasso Jereissati (PSDB). Ao lado de Tasso ele foi secretário de Segurança e vice-governador do Estado, quando chegou a ser eleito deputado federal, no pleito de 1998, sendo reeleito seguidas vezes.

Depois de afastar-se de Tasso, Moroni passou a fazer política isoladamente. Tinha um discurso forte contra a bandidagem, sempre ressaltando suas ações como delegado da Polícia Federal e secretário de Segurança. Também como hoje, naquela época era importante a defesa do combate à criminalidade. Dava votos. E ele sempre elegeu-se com expressivas votações para a Câmara dos Deputados. Como vice-prefeito, sem necessidade de renúncia ou desincompatibilização, Moroni poderia ter sido novamente candidato a deputado federal em 2018, mas preferiu lançar Mosiah Torgan, seu primogênito.

Mesmo com ajuda externa, a candidatura do filho não foi bem sucedida, embora só em Fortaleza ele tenha conseguido 30.062 votos na chapa do PDT. Neste ano de 2020, Moroni lançou Mosiah para disputar uma vaga de vereador pelo mesmo PDT, embora ele próprio (Moroni) ainda permaneça no DEM. O insucesso foi maior: o Torgan filho só conseguiu 3.808 votos, o suficiente para garantir uma distante suplência, que, pelo fato de só poder ocupar o lugar de um vereador do seu partido, não há como vislumbrar a possibilidade de ele vir a ser convocado para assumir o mandato por algum período.

Ainda temos políticos com capacidade de transferir votos, convencer o eleitor a votar naquele afilhado, quase sempre um parente próximo, mas não com as facilidades de outrora. O eleitor de hoje parece mais exigente, embora algumas práticas ainda sejam semelhantes às antigas. O resultado saído das urnas no último dia 15 de novembro confirmam. Assim como é possível atribuir-se a derrota de Mosiah ao pai, pela sua incapacidade de transferir votos, também há exemplos em sentido contrário, de filho que já tinha sido beneficiado com a transferência de votos do pai e não fez prosperar a herança para conseguir novos mandatos.

Jornalista Edison Silva analisa a dificuldade que se tem na política de transferir votos: