Na quarta-feira (18), vereadores derrotados lamentavam, no plenário da Câmara de Fortaleza, o resultado do pleito. Foto: Miguel Martins.

O resultado das eleições de domingo passado (15) ainda repercute nos bastidores da política local. Tanto vencedores quanto perdedores têm reclamado da forma como alguns de seus pares atuaram durante o período eleitoral. No entanto, o certo é que, com raras exceções, a maioria daqueles que não obteve êxito nas urnas tiveram uma redução considerável no número de votos com relação a 2016.

Não são poucos os casos mostrados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Porém, cada parlamentar tem uma justificativa para o desempenho aquém do esperado. Parte disso foi, inclusive, expressado na tribuna por alguns vereadores. Ziêr Férrer (PDT) e “Bá” (PP), por exemplo, chegaram a falar sobre a possibilidade de compra de votos durante o pleito.

No entanto, não citaram nomes ou levaram a denúncia para além do plenário da Câmara Municipal de Fortaleza. Férrer, por exemplo, reduziu pela metade o número de votos recebidos em 2016. No pleito daquele ano ele obteve 8.134 sufrágios. Já na disputa eleitoral de 2020 apenas 4.309. O parlamentar achou o resultado estranho porque, segundo disse, nunca trabalhou tanto como nesta campanha.

Bá teve um resultado menos ruim, mas ainda assim não foi reeleita. Obteve somente 6.527 votos, ante os 7.337 de 2016. Vale ressaltar também que no pleito de 2016 muitos vereadores estavam em outros partidos, com mais potencial de eleição. Alguns, inclusive, só foram eleitos graças às alianças partidárias, denominadas “coligações partidárias”, que não aconteceram neste ano.

Um dos casos mais emblemáticos no PDT diz respeito, justamente, ao líder do partido, o vereador Iraguassú Filho, que obteve 8.166 votos neste ano, ficando na segunda suplência da sigla. Em 2016, porém, ele obteve 12.204 sufrágios, sendo o quinto parlamentar eleito mais bem votado daquele ano.

Ao Blog do Edison Silva ele explicou que a votação em 2016 foi “um ponto fora da curva”, uma vez que seus votos são herança do pai, o ex-vereador Iraguassu Teixeira, que sempre obteve votação máxima de pouco mais de 8 mil sufrágios, o mesmo obtido pelo filho neste ano.

Outros casos que chamam atenção. O experiente Didi Mangueira (PDT) caiu de 9 mil votos para pouco mais de 7 mil. John Monteiro (PDT) obteve 8.322 em 2016 e caiu para 6.207 na abertura das urnas no domingo passado (15). Dias antes do pleito eleitoral, o parlamentar já havia se pronunciado na tribuna da Câmara Municipal num tom de despedida.

Líder de governo no primeiro mandato de Roberto Cláudio na Câmara Municipal, Evaldo Lima (PCdoB) foi reeleito em 2016 com 8.149 votos. No entanto, neste ano obteve apenas 5.501 sufrágios, amargando derrota nas urnas. Benigno Júnior (PP) reduziu sua votação de 9.082 para 6.007. Há quatro anos ele foi o oitavo vereador mais bem votado.

Evaldo Costa (PDT), quando estava no PRB (atual Republicanos) conseguiu 8.586 votos. No pleito deste ano conseguiu 5.471 sufrágios, o que não foi suficiente para sua reeleição. O parlamentar havia denunciado ameaças de facções criminosas, o que fez com que ele evitasse campanha em alguns lugares da cidade.

Mairton Félix (PDT) também teve redução no número de votos e não conseguiu reeleição. Em 2016, sendo um dos poucos representantes da comunidade evangélica na Casa, se reelegeu com 8.323 votos. No pleito deste ano obteve somente 5.103 sufrágios.

Durante a atual legislatura, Eron Moreira (PDT) e Carlos Mesquita (PDT), que não foram eleitos em 2016, assumiram a titularidade dos mandatos. Os dois, porém, também não alcançaram votos suficientes para a reeleição. Com mais de 8 mil votos, Mesquita ficou na primeira suplência e tem forte chance de voltar a ser parlamentar da Casa.

Disputa

Dummar Ribeiro (PL) até obteve mais votos do que no pleito passado, quando recebeu somente 3.115 votos e ainda assim, por conta da coligação proporcional, foi eleito. Na disputa deste ano ele conseguiu 4.510, ficando na suplência da legenda.

Atual líder do Governo, Esio Feitosa (PSB) conquistou 4.563 votos, bem abaixo dos 5.804 que teve em 2016, quando foi eleito para o primeiro mandato. O parlamentar ficou apenas na terceira suplência da sigla socialista. Idalmir Feitosa (PSD) também teve queda no número de votos, tendo recebido 4.338 sufrágios há quatro anos e somente 3.866 neste ano.