Em Fortaleza Capitão Wagner foi derrotado mesmo obtendo com 48,31% dos votos. Foto: Reprodução.

Se no primeiro turno das Eleições Municipais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi considerado um dos grandes derrotados, neste segundo turno a esquerda foi quem não obteve resultados expressivos. O maior partido do campo político, o Partido dos Trabalhadores (PT), venceu apenas 4 das 15 disputas em que participava. O partido do ex-presidente Lula, pela primeira vez desde 1985, não leva uma capital.

Nas capitais nordestinas, siglas mais à esquerda obtiveram importantes vitórias, como em Fortaleza, uma ampla aliança entre PDT, família Ferreira Gomes, PT, entre outros, garantiu a eleição de Sarto Nogueira. Mas o triunfo em Fortaleza não foi tranquilo sobre Capitão Wagner (PROS), que obteve pouco mais de 48% dos votos.

No Recife, o segundo turno foi tenso, mas se concretizou com o filho do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, tornando-se o mais jovem prefeito de capital do país, ao competir com Marília Arraes (PT). João Campos, 27, obteve pouco mais de 56% dos votos válidos.

O Psol elegeu apenas o ex-prefeito pelo PT, Edmilson Rodrigues, em Belém, mas perdeu por quase 20 pontos percentuais na capital paulista para o tucano Bruno Covas (PSDB). Desta maneira, o presidente Jair Bolsonaro viu o fortalecimento do governador João Doria (SP), seu atual desafeto, tendo o PSDB ficado com quase metade dos votos do eleitorado do estado mais populoso do país. Seu aliado Celso Russomanno (Republicanos), ficou em quarto lugar no primeiro turno.

No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) teve pouco menos de 36% dos votos válidos diante de Eduardo Paes (DEM).

As mulheres, aliás, tiveram pouco brilho nesta eleição. Apenas Palmas (TO) reelegeu Cinthia Ribeiro (PSDB). A vice na chapa de Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais em 2018, Manuela d’Ávila (PCdoB), acabou derrotada por Sebastião Melo (MDB) na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre.

O cientista político Rafael Cortez, afirma que por um lado, não considera o resultado um fracasso total do campo da esquerda. “Guilherme Boulos (Psol) ir ao segundo turno na capital paulista foi um fortalecimento, uma novidade. Mas o grau dessa competitividade em 2022 vai depender basicamente de dois fatores: o desempenho do governo Bolsonaro nos dois últimos anos de mandato e o grau de coordenação da oposição em diferentes estados, num momento em que a lei eleitoral vetou a coligação dos cargos majoritárias com os legislativos.”

Cortez também não viu uma vitória da “moderação” sobre o “radicalismo”. “A eleição municipal de 2020 foi basicamente de manutenção, não necessariamente de esquerda ou direita, mas em geral de nomes que davam sinal de continuidade.”

Fonte: ConJur.