Senador Cid Gomes foi quem, no início do ano, se licenciou do mandato para articular as alianças partidárias do grupo governista.

O senador Cid Gomes (PDT) licenciou-se do Senado, no início deste ano, para organizar a base partidária do Governo do Estado, sob sua liderança, visando a formação de alianças e indicações de candidatos às prefeituras de praticamente todos os municípios cearenses. Nesta segunda-feira (16), conhecidos os resultados oficiais da eleição, o senador comemorava os frutos do seu trabalho, embora lamentasse o insucesso de alguns amigos fraternos, até às vésperas da votação, considerados vitoriosos. Só o PDT, confirma Cid, elegeu 66 prefeitos no universo de 182 prefeituras, pois ainda não é possível contar com os prefeitos de Fortaleza e de Caucaia, cujas disputas só ficam encerradas com as votações do dia 29 próximo.

Neste espaço, em mais de uma oportunidade, já tratamos da inépcia de lideranças partidárias oponentes do Governo do Estado, apontando que enquanto dirigentes de partidos aliados, além do governador Camilo Santana, pelos seus principais operadores, cuidavam de consolidar suas bases no Interior, não havia registro efetivo de políticos oposicionistas empenhados na estruturação de suas respectivas agremiações, preparando-as para o embate eleitoral deste ano, apesar dos discursos vazios para o noticiário dos meios de comunicação de realizações de eventos partidários com tais objetivos. Em determinado momento, pode-se até pensar que a oposição no Ceará só existe pelo desinteresse dos que fazem o Governo de ter determinados políticos como aliados, ressalvando-se as posições de alguns poucos, que, por razões diversas, inclusive a ideológica, querem distância da situação.

Só os 66 prefeitos eleitos pelo PDT, somados aos 27 do PSD, 13 do PL, 10 do PP e 8 do PSB, contabilizam mais de 120 prefeituras governistas. Mas outros prefeitos de partidos menores como os 3 do PTB, 2 do PCdoB e 2 do DEM, também são governistas. O PT com 18 prefeitos, o MDB com 17 e o Solidariedade com 5, embora seus dirigentes sejam ligados ao governador Camilo Santana, não foram incluídos na relação dos governistas por conta de suas divergências com os irmãos Cid e Ciro Gomes, mas, para tristeza de todos quantos defendem a existência de uma oposição séria e competente, até como necessária ao controle de qualquer administração, essas três siglas nada têm de oposição.

Assim, restam apenas os 2 prefeitos dos Republicanos, 1 do PSOL, 1 do Podemos, ainda com vitória questionada na Justiça Eleitoral, 2 do PROS e 4 do PSDB, afora o de Fortaleza e o de Caucaia que ainda serão eleitos. E nem todos esses podem realmente ser apontados como oposicionistas. É uma oposição muito pequena. Por isso, deste quadro político do Estado não surgirá ameaça à continuidade da fortaleza que é o grupo governista liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, hoje representado na administração pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, cuja força política, na condução da campanha de Sarto à Prefeitura de Fortaleza, foi mais uma vez confirmada.

Lógico que este grupo, num determinado momento, vai perder o domínio da política cearense. Mas, pelo trabalho que os seus líderes desenvolvem, aliado ao resultado das gestões administrativas no plano estadual e municipal, com destaque para Fortaleza, além da ajuda dos poucos adversários, ele terá vida longa. O resultado das eleições deste ano é mais um exemplo dessa fragilidade dos contrários aos governistas de hoje. O segundo turno da disputa em Fortaleza não representa força dos partidos de oposição, quase todos realmente descompromissados com o futuro, posto o individualismo de seus dirigentes.