A ex-presidente Samira de Castro, o atual presidente, Rafael Mesquita; e a presidente Comissão de Ética, Telma Costa, durante homenagem da Assembleia Legislativa a Paulo Bonavides, por ocasião dos 65 anos do Sindicato. Foto: Sindjorce.

O jurista e jornalista Paulo Bonavides, fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), faleceu na manhã desta sexta-feira (30), aos 95 anos, em Fortaleza.

Profundamente consternada, a diretoria do Sindjorce solidariza-se com os familiares e amigos de Bonavides, ao mesmo tempo em que reverencia seu legado em prol da luta coletiva dos operários e das operárias da notícia no Ceará.

O corpo do catedrático será velado neste sábado (31), das 9h às 14h30min, na Ethernus (Rua Padre Valdevino, 1688 – Aldeota). O velório, por causa das recomendações de segurança sanitária, terá acesso controlado.

O sepultamento, a ser realizado também neste sábado, será restrito à família.

A diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) soma-se ao Sindjorce e manifesta seu pesar pela partida de Bonavides. O jurista era casado com Yeda Satyro Benevides, com quem teve sete filhos (Paulo, Márcio, Clóvis, Vera, Gláucia, Doralice e Marília).

Fundação e proximidade com o Sindjorce

Em 9 de abril de 1951, o professor Paulo Bonavides criou a Associação Profissional dos Jornalistas do Ceará. Dois anos depois, uma assembleia geral da categoria transformaria a associação em entidade de categoria, nascendo assim o Sindicato dos Jornalistas dos Profissionais no Estado do Ceará.

Ao receber em mãos, em abril de 2019, homenagem pelo transcurso dos 65 anos do Sindicato (completados em 2018), Bonavides lembrou o receio de parte dos jornalistas cearenses em criar o Sindjorce, uma vez que já existia a Associação Cearense de Imprensa. “Enfrentamos a desconfiança de quem fazia parte da ACI. Mas argumentei à época que eram entidades com atribuições diferentes. O Sindicato representa e defende os interesses da classe, enquanto a ACI reúne trabalhadores e patrões, num contexto associativo”.

Então com 94 anos, Bonavides agradeceu o empenho da atual diretoria em continuar na batalha incessante por melhores condições de trabalho para a categoria e comparou a atual situação vivenciada pelos jornalistas – com perseguições, práticas antissindicais e desvalorização profissional – com os primórdios da sua atuação à frente do Sindjorce.

“ACOMPANHO AS ATIVIDADES DO NOSSO SINDICATO, À DISTÂNCIA, E DESEJO A VOCÊS DISPOSIÇÃO CONSTANTE PARA A LUTA”, Bonavides.

Carreira jurídica

Além de jurista e jornalista, Bonavides era cientista político e membro da Academia Cearense de Letras. Nasceu em 10 de maio de 1923, em Patos, na Paraíba. Iniciou seus estudos jurídicos, em 1943, na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde bacharelou-se em 1948. Durante a graduação, foi também Nieman Fellow Associate na universidade de Harvard, entre 1944 e 1945.

Bonavides era presidente Emérito do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC); presidente de Honra do Instituto de Defesa das Instituições Democráticas (IDID); e fundador e diretor da Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais (2003).

Sua influência no pensamento jurídico nacional e internacional rendeu uma série de condecorações, como o título de doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade de Fortaleza.

Recebeu ainda o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras (1948); a Medalha Rui Barbosa, da OAB (1996); a Medalha Teixeira de Freitas, do Instituto dos Advogados Brasileiros-IAB (1999); a Medalha Pontes de Miranda, do TRF-5; a Medalha Epitácio Pessoa, da Assembleia Estadual da Paraíba; a Medalha do Mérito Universitário, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; e o Grande Colar do Mérito, do Tribunal de Contas da União (2005).

Com informações do site do Sindjorce.