Foto: Ascom/STF.

Em participação na quarta edição do Marie Claire Power Trip Summit, nesta terça-feira (13), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), falou sobre preconceito, violência e direito da mulher. O evento, promovido pela revista Marie Claire, se consolida como o maior encontro de liderança feminina do Brasil. “A mulher virou uma retórica. Todo mundo fala que é preciso que se valorize a mulher. Mas não se adota as providências para mudar isso”, disse.

Mulher na história

Em sua palestra, a ministra fez uma leitura da relação da mulher com a casa, no papel doméstico que lhe foi reservado historicamente; a mulher e a praça, no que diz respeito aos desafios políticos enfrentados pelas mulheres, e, por fim, a mulher na fábrica, quando apresentou sua visão a respeito da relação da mulher com o mercado de trabalho e a independência financeira.

Segundo a ministra, na história, sempre foi reservado à mulher um papel secundário, coadjuvante. “A mulher é lembrada não pelo que fez com o outro, pelo outro, na pólis, na política, na praça, mas como a musa, como um ideal, a personagem de um soneto”. O lugar reservado a ela foi delimitado, definido e definhado, não se ouvia a sua voz.

“Na história, se construiu um espaço diminuto, eu diria engaiolado, para a mulher. O encaminhamento da ideia da mulher, não como ser político, nem era como ser, menos ainda como ser político, afirmou.

Violência

Quaisquer reações a esse modelo, segundo a ministra, eram e são, até os dias de hoje, punidas de forma extremamente graves, com preconceito, perda de direitos e violência física, psíquica e moral. “Dizem que as mulheres foram silenciosas. Mas não. Elas foram silenciadas. Pela sociedade, nas famílias, nos casamentos e as reações contra isso são relativamente recentes”.

Ela lembrou que durante a pandemia, quando houve uma maior permanência em casa, o nível de violência contra a mulher aumentou em quase 40%. “É preciso romper com as violências permanentes”.

Igualdade

Segundo a ministra, embora se reconheça evolução em relação à igualdade entre homens e mulheres, é necessária uma contínua mudança cultural, que, a seu ver, só será possível com ações afirmativas. “A mulher virou uma retórica. Todo mundo fala que é preciso que se valorize a mulher. Há um débito social, econômico, estatal com a mulher. Mas não se adota as providências para mudar isso”. Em grande parte, o acolhimento de discurso de igualdade entre os gêneros, disse, não é verdadeiro.

“É preciso vencer os medos, mudar os modos, mudar os mitos, mudar os mudos, e passar a ter voz, para contar o que foi, enfrentar o que precisa ser enfrentado e dar testemunho do que também queremos que se transforme na sociedade para ser mais justa e digna para todos”, ressaltou Cármen Lúcia.

Fonte: site do STF.