Paço Municipal, sede da Prefeitura de Fortaleza. Foto: PMF.

A sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), pela participação direta do ex-ministro Ciro Gomes, é uma questão de honra para a direção nacional pedetista, da qual Ciro é vice-presidente, principalmente por fortalecer a agremiação para a eleição presidencial de 2022, quando, por certo, o próprio Ciro estará na disputa. Agir, para contrariar esse propósito do PDT, pelos mesmos objetivos, será a disposição do ex-presidente Lula (PT) e a do presidente Bolsonaro (sem partido). Ambos querem estar cacifados para o próximo pleito presidencial, embora por caminhos diferentes. Uma das pedras a serem removidas para a consecução de seus objetivos é a que o ex-ministro representa. Por esses interesses a disputa pela Prefeitura da Capital cearense está nacionalizada.

A vitória em Fortaleza fortalece Ciro para avançar na busca de consolidação de alianças para a eleição vindoura. E esse avanço prejudica as pretensões dos dirigentes petistas de continuarem liderando o grupo de partidos mais à esquerda do campo ideológico. Derrotá-lo deve ser o sonho de Lula, cuja dificuldade já experimentou, no pleito passado, quando teve que ceder para ter o apoio do PSB à candidatura presidencial de Haddad, visto a perspectiva desta agremiação ficar com Ciro. Para Bolsonaro, o interesse em dificultar a solidificação da liderança do cearense, no principal reduto eleitoral do seu Estado, visa, também, evitar que ele venha a ser o seu mais forte concorrente do denominado campo da esquerda.

A sinalização do presidente Bolsonaro em apoiar a candidatura do Capitão Wagner à Prefeitura de Fortaleza, como o fez na última quinta-feira (08), chama Lula para uma presença mais forte ao lado de Luizianne Lins, a concorrente petista que, no primeiro programa da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, na sexta-feira (09), apareceu ao lado do ex-presidente e do governador Camilo Santana, cujo posicionamento, todo o mundo político brasileiro sabe, exceção do eleitorado de Fortaleza, que é em defesa de Sarto, o candidato do PDT. Que peso terão o presidente e o ex no resultado final da eleição de Fortaleza, só os números dirão no dia 29 de novembro, quando realmente fica encerrada a disputa. Ciro e o partido dele preparam-se para enfrentar Lula e Bolsonaro, embora o trabalho do governador Camilo Santana, para evitar a candidatura de Luizianne, tenha alimentado a ideia de Lula não ser um adversário a mais nesta eleição em Fortaleza.

A campanha está realmente dando os primeiros passos, embora alguns dos candidatos já estivessem com seus nomes nas ruas há algum tempo, guardando as reservas que a legislação impõem. Da metade para o fim da propaganda eleitoral, quando realmente já será perceptível o envolvimento de eleitores, ter-se-á uma visão mais clara da situação dos candidatos, em especial daqueles com melhores condições de disputa confirmadas pelas pesquisas. A partir dessa oportunidade, o do conhecimento dos números das pesquisas, vai ser possível mensurar o resultado da influência de Bolsonaro e Lula em favor de seus candidatos na Capital cearense, posto que, salvo não existir um fato extremamente relevante, capaz de mudar radicalmente a disputa, um dos dois não terá seu candidato no segundo turno, admitindo-se a improbabilidade de qualquer dos candidatos vencer a eleição no dia 15 de novembro.

O PDT só tem cinco candidatos a prefeito de capitais, além de Fortaleza: em Aracaju, Campo Grande, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Para a disputa em Fortaleza o partido destinou R$ 4 milhões do Fundo Eleitoral; para a campanha de Aracaju foram liberados, do mesmo Fundo, R$ 1,5 milhão; e para o seu candidato em Campo Grande, R$ 1 milhão. Essas liberações foram feitas até a sexta-feira (09). Note-se que a candidata de Porto Alegre carrega o sobrenome da figura mais reverenciada do partido, Brizola. Juliana Brizola e os demais, nada tinham recebido do Fundo Eleitoral. Ainda vão receber, óbvio, mas a observação é para confirmar o tamanho da importância que o PDT nacional está emprestando à disputa em Fortaleza. Não é preciso dizer que, embora tenha presença requisitada em todos os grandes municípios brasileiros, Ciro vai dedicar a maior parte do seu tempo à campanha no seu Estado.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre a repercussão do envolvimento de Ciro Gomes, Lula e Jair Bolsonaro nas eleições em Fortaleza: