Ex-presidente Lula quando recebia visita de Ciro e do governador Camilo Santana (PT), no hospital Sírio-Libanês/SP (03/02/2017). Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

A alegação primeira das ausências dos pretensos candidatos à Presidência da República em 2022, nas campanhas eleitorais deste ano, é a necessidade de preservarem-se contra o coronavírus. De certa forma, há sentido na precaução deles. Mas de fato, todos, principalmente Ciro Gomes, Lula, João Doria e Bolsonaro, no momento, aguardam o desenrolar das campanhas nos maiores colégios eleitorais brasileiros, principalmente os das capitais, e onde possa acontecer um segundo turno da disputa. Não é interessante preocuparem-se com os pequenos municípios, senão por uma razão muito especial ligada à afetividade, pois esses, quase sempre, são influenciados pelos vizinhos maiores. Isso, porém, não significa dizer que eles estejam desatentos ao que está ocorrendo no todo da campanha eleitoral.

Uma matéria publicada no site do jornal O Globo, nesta quarta-feira (21), assinada pelos jornalistas Bernardo Mello, Alice Cravo e Sérgio Roxo, com o título “Bolsonaro, Lula, Ciro e Doria vão intensificar campanhas de capitais na reta final do 1º turno”, destaca a importância da disputa na Capital cearense para os presidenciáveis, enfatizando a relação deles, exceção de Doria, com as candidaturas de Sarto, Luizianne e Wagner, ligados, respectivamente, a Ciro, Lula e Bolsonaro. Estes líderes, enfatizam os jornalistas, preparam-se para atuar mais efetiva e presencialmente, na reta final do primeiro turno da campanha, a partir do fim deste mês de outubro.

Realmente, nenhum líder quer expor o seu prestígio ao lado de um candidato cujo sucesso eleitoral não esteja sendo desenhado. Agora, claro, os números apresentados pelos institutos de pesquisa, a partir de Fortaleza, não apontam para vitória de qualquer dos concorrentes, embora alguns apareçam com boas perspectivas de passar do primeiro para o segundo turno da disputa, cuja votação acontecerá no dia 29 de novembro. Como só dois vão para o segundo turno, evidente, a primeira semana de novembro pode ser o momento de essas personagens nacionais aparecerem em Fortaleza, para colaborar com os seus aliados. O patrocinador do candidato que chegar ao terceiro lugar na disputa em Fortaleza, acaba ficando com a perspectiva de uma boa votação na sucessão presidencial.

A eleição municipal, por essência, tem peculiaridades diferentes das disputas estadual e nacional. É a eleição que mais aproxima o eleitorado dos candidatos, em especial daqueles que querem ser vereador. Por isso, a influência de lideranças fora do âmbito municipal, e do próprio Estado, é relativamente pequena, embora, simbolicamente os líderes nacionais, pela animação que propiciam na campanha quando ela está no seu auge, seja importante para os candidatos, posto também ser um momento em que ele passa a ideia do quanto é importante para aquele seu correligionário. Amacia o ego, ao menos. Mas, como em tudo há exceção, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, neste ano, os líderes nacionais podem até influenciar.

A razão da excepcionalidade é Ciro Gomes, por ter no Estado do Ceará sua principal base de apoio político para atuação no cenário nacional. Ele foi o terceiro na última disputa presidencial, em 2018. Como pretenso candidato à Presidência em 2022, os seus prováveis concorrentes têm interesse direto na sucessão em Fortaleza. Até mesmo João Doria (PSDB), o governador de São Paulo, cujo partido apoia o mesmo candidato de Ciro, o Sarto (PDT), tem interesse num insucesso eleitoral do cearense, apesar da certeza, como a dos demais, que a candidatura de Ciro em 2022 não está condicionada unicamente ao resultado da disputa pela Prefeitura da Capital cearense.