Sessões estão sendo realizadas semipresencialmente. Foto: Pedro França/Agência Senado.

A sessão semipresencial do Plenário do Senado desta quarta-feira (23), convocada para a votação de indicações de embaixadores, também levantou o debate sobre o voto aberto e antecipou a discussão sobre a sucessão na Presidência da Casa.

Primeiro a se manifestar sobre a questão, o senador Eduardo Girão (Podemos) defendeu a votação de projetos que permitem voto aberto em todas as situações. A votação das indicações de embaixadores, por exemplo, é secreta por previsão constitucional e regimental.

Girão apontou que Davi Alcolumbre se elegeu presidente do Senado com a promessa de abrir as votações da Casa e pautar propostas que garantam transparência às decisões.

“Diversas CPIs da Lava Toga, a prisão em segunda instância, são demandas legítimas da sociedade que esta Casa não tem atendido. Então, eu espero ainda que, nesta legislatura, em que trabalhei, inclusive, para a sua eleição, com outros colegas aqui, que a gente tenha o cumprimento desse compromisso“, disse Girão.

Nelsinho Trad (PSD-MS) discordou da avaliação de Girão e afirmou que o presidente do Senado tem se portado de forma equilibrada.

“Na minha avaliação, Vossa Excelência [Davi] seguiu à risca os trâmites que a assessoria ao seu lado, muito bem-feita pelo [secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando] Bandeira, sempre colocou, e não dá para Vossa Excelência atropelar determinadas situações, porque depois se judicializa, e aí, sim, esta Casa vai ficar desmoralizada. É muito fácil a gente aderir à onda de crítica, ainda mais quando rede social acaba entrando nisso”, avaliou Nelsinho.

A instalação de CPIs e o andamento de pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal também foram objetos de cobrança do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que trouxe à tona a discussão sobre reeleição para a Presidência do Senado. Ele disse que ser contra a reeleição não é ser contra a gestão de Davi.

“Aqui nada é pessoal. Ser contra a reeleição não é ser contra o trabalho do presidente Davi. A minha opinião é contra a reeleição, que não é a sua, mas a reeleição de qualquer um, mesmo de meu pai, José da Costa. Esse pensamento não é de um senador ou de outro, esse hoje é o pensamento da opinião pública brasileira”, disse Kajuru.

Sobre a possibilidade de voto aberto para determinadas situações, Rogério Carvalho (PT-SE) argumentou que o voto secreto é uma prerrogativa fundamental da democracia. E apontou que votaria em Davi, que, segundo ele, conduz um Senado “que produziu durante a pandemia, de forma remota, mais do que em uma legislatura inteira”.

“Em situações como a de hoje, em que a gente vota autoridades, é preciso que a gente preserve aqueles que votam, assim como a gente preserva a identidade do eleitor que vai às urnas, ainda mais quando se trata de um Parlamento. Por isso, defendi, quando da sua eleição em 2019, como defendo hoje e continuarei defendendo sempre, que o instituto do voto secreto para a eleição de quem quer que seja, que vá assumir cargos de direção, se confunde com o sistema democrático por que optamos. Se eu puder e tiver a oportunidade de dar um voto a Vossa Excelência, que eu não dei, darei com muito gosto. Sabe por quê? Porque eu acredito é na boa política e não na nova política fascista que quer dominar o Brasil”, apontou o líder do PT.

Fonte: Agência Senado.