Participaram da cerimônia de posse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre; o presidente da República, Jair Bolsonaro; o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Foto: Rosinei Coutinho/STF.

O ministro Luiz Fux tomou posse nesta quinta-feira (10) como presidente do Supremo Tribunal Federal para o biênio 2020-2022. Na cerimônia, a ministra Rosa Weber assumiu a cadeira da vice-presidência.

Em seu discurso, o ministro conclamou os atores políticos para evitar o que chamou de judicialização “vulgar e epidêmica” de conflitos. Em outras palavras, apontou que a omissão do Congresso em determinados temas leva às portas do Supremo “questões permeadas por desacordos morais”.

Sempre que possível, disse, os poderes Legislativo e Executivo devem resolver internamente seus próprios conflitos e “arcar com as consequências políticas de suas próprias decisões”. “Essa disfuncionalidade desconhece que o Supremo Tribunal Federal não detém o monopólio das respostas — nem é o legítimo oráculo — para todos os dilemas morais, políticos e econômicos de uma nação”, disse.

O ministro chamou a atenção para que o protagonismo ao qual o Judiciário tem sido submetido e defendeu que o norte deve ser a atuação movida “pela virtude passiva, devolvendo à arena política e administrativa os temas que não lhe competem à luz da Constituição”.

Disse ainda que o protagonismo deve ser excepcional, de forma a não intervir verticalmente, mas sim “atuar como catalisador e indutor do processo político-democrático, emitindo incentivos de atuação e de coordenação recíproca às instituições e aos atores políticos”.

Fux retomou o número excessivo de processos julgados pela Suprema Corte para destacar a importância dos precedentes — em 2019, foram 115,6 mil processos julgados. “Julgar muito não significa necessariamente julgar bem”, afirmou.

Dentre os pontos centrais de sua gestão, apontou o monitoramento da aplicação correta dos precedentes pelas outras instâncias; a proteção dos direitos humanos e do meio ambiente; e a garantia da segurança jurídica conducente à otimização do ambiente de negócios no Brasil.

Além disso, afirmou que sua gestão não medirá esforços “para o fortalecimento do combate à corrupção, que ainda circula de forma sombria em ambientes pouco republicanos em nosso país”. Também destacou o incentivo ao acesso à justiça digital.

A expectativa é de que o tom da presidência seja ditado por seu perfil mais rigoroso na aplicação da lei, conforme demonstrado em sua atuação na 1ª Turma. Vindo da magistratura, mais especificamente do STJ, Fux assumiu a vaga deixada pelo ministro Eros Grau há nove anos. É carioca e especialista em Direito Processual Civil. Leia aqui o perfil do ministro.

Plenário adaptado
A cerimônia aconteceu no Plenário da corte, que foi adaptado com divisórias de acrílico entre os ministros para prevenir o contágio do novo coronavírus. A maioria dos ministros compareceu, com exceção dos ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que acompanharam por videoconferência.

Participaram da cerimônia o presidente da República, Jair Bolsonaro; os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente; o PGR, Augusto Aras; e o presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz.

Fonte: site ConJur.