Cientistas afirmaram que a situação de incêndio na região do pantanal é também causado pelo aumento de emissão de gases  do efeito estufa, reflexo do aquecimento global. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/ Câmara dos Deputados

Na última quarta-feira (16) cientistas e a Frente Parlamentar Ambientalista  da Câmara se reuniram para debater questões acerca do combate aos incêndios que vêm ocorrendo na região do pantanal brasileiro. Eles alertaram que o fogo e a expansão das queimadas na Amazônia e no Cerrado demandam tomadas de medidas emergenciais imediatas e medidas preventivas para futuros fenômenos causados também pela seca.

Foi acordado que a principal ação a ser tomada neste momento é apagar o fogo nessas regiões e planejar formas de manejo e controle do fogo. O deputado Rodrigo Agostinho (PSB/SP), presidente da Frente Ambientalista, esclarece a grandiosidade desse problema e os desafios que serão para a sociedade civil e o Poder Público. Ele ainda expõe que o combate para essa situação precisa ser apoiada pelos países vizinhos: “precisamos do apoio dos vizinhos, como Bolívia e Paraguai, e unir o Mercosul nessa causa“.

O deputado mostra alguns dos projetos em tramitação na Casa que é voltado à política nacional de manejo integrado do fogo. São eles: PL 11276/18, do Poder Executivo que prevê maneira para reduzir os efeitos causados pelos incêndios florestais e o uso indevido ou não autorizado do fogo, e o PL 1974/20, da deputada Bia Cavassa (PSDB/MS) que propõe aumento de pena para crimes de incêndio nas matas.

De acordo com coronel Ângelo Rabelo, diretor do Instituto do Homem Pantaneiro, a falta de diálogo entre governantes e cientistas é um fator que favorece a má comunicação e falta de medidas eficazes para esse combate. Ele sugere a criação de uma equipe responsável pela elaboração de alertas e orientações aos pantaneiros quanto a chegada de enchentes e prevenção de secas.

A especialista na floresta Amazônica, Erika Berenguer, também deu seu parecer acerca das ações que devem ser praticadas. Ela esclareceu que ainda existem esperanças para o controle dessas queimadas e afirmou que esses acontecimentos também são um reflexo do aquecimento global, pelo aumento de emissões de gases do efeito estufa.

Assessora técnica do Instituto Sociedade, População e Natureza (Ispn), Lívia Carvalho, mostrou resultados de uma pesquisa australiana e comparou com os programas existentes no Brasil. ”Eles conseguiram reduzir 50% das áreas queimadas por incêndio, evitaram a emissão de 10 milhões de toneladas de gases do efeito estufa e têm um lucro anual de 65,7 milhões de dólares com o programa”, explicou.

No Brasil existe o plano do Manejo Integrado de Fogo (MIF) a cargo do Instituto Chico Mendes em 40 unidades de conservação e do Prev-Fogo do Ibama em 32 terras indígenas e quilombolas, que de acordo com a assessora, diminui 57% dos incêndios na época de extrema seca.

Os cientistas presentes afirmaram que as mudanças climáticas são fatores que colocam o Brasil numa encruzilhada. “O futuro é agora. Essa é uma mensagem extremamente importante que o Congresso deve ter em mente. Há uma mudança climática global que faz com que esses eventos climáticos extremos, como o aquecimento do Atlântico Norte e o El Niño, se tornem mais frequentes e severos, e isso afeta a Amazônia nos períodos de seca” conta o cientista sênior do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam) Paulo Moutinho.

Senado Federal 

A Casa criou uma comissão temporária para acompanhar o combate aos incêndios que vêm ocorrendo no Pantanal. O grupo tem como objetivo trabalhar medidas para intensificar o combate aos incêndios, além de tomar providências para prevenção no futuro. O presidente, Wellington Fagundes (PL/MT), espera que ao final dos trabalhos, os senadores apresentem um Estatuto do Pantanal, com foco no desenvolvimento sustentável da região.

Com informações da Câmara dos Deputados e Senado Federal