Entrada principal da Câmara Municipal de Fortaleza.

Nesta eleição, cada uma das 43 vagas na Câmara Municipal de Fortaleza será disputada por 28 candidatos. No pleito de 2016 o número de concorrentes por vaga chegou a 25, motivando uma significativa renovação naquela Casa Legislativa. Já em relação aos pretendentes à chefia do Executivo municipal da Capital cearense temos apenas dois candidatos a mais que em 2016, quando oito candidatos participaram da disputa, incluindo três nomes do grupo atual de postulantes: Capitão Wagner, Heitor Férrer e Luizianne Lins. O fim das coligações proporcionais, no pleito deste ano, não teve o reflexo esperado na quantidade de candidatos. Os partidos, em grande maioria, demonstraram não ter quadros para apresentar chapas completas para o Legislativo, e muito menos para patrocinarem candidaturas majoritárias próprias.

Nas eleições deste ano, cada partido terá sua própria bancada, diferentemente de todas as outras disputas quando, por conveniência política, a maioria das agremiações formava coligações e a miscelânea de siglas, para efeito legal, constituía um grupo só, principalmente para com o somatório dos votos eleger o maior número de legisladores, mesmo que, já a partir da posse, praticamente todos os eleitos desgarrassem do grupo para ter vida parlamentar própria. Em novembro próximo só os votos do partido elegerão os seus representantes, embora a mixórdia partidária, sem qualquer respeito à ideologia, e sobretudo governança, continue em relação à disputa majoritária. Hoje, dois candidatos reúnem em torno de si a grande maioria das agremiações participantes do pleito.

Conhecendo as alianças para a disputa pelo comando do Executivo de Fortaleza neste ano, para compararmos com as do último pleito, em 2016, constata-se, de imediato, a falta de compromisso dos seus participantes. Heitor Férrer disputou a última eleição pelo PSB coligado com a Rede. Hoje ele candidato do Solidariedade (SD) coligado com o MDB. Capitão Wagner, que chegou ao segundo turno da disputa com o atual prefeito Roberto Cláudio (PDT), era filiado ao PR na eleição municipal passada, tendo como principais aliados o MDB e o PSDB. Luizianne não tinha aliança em 2016, e também não terá em 2020.

É difícil, para os dirigentes partidários e candidatos, dar explicações sobre essas mudanças de alianças, até certo ponto esdrúxulas. Em 2016, Wagner era o melhor nome para os comandantes e filiados ao MDB, para o pessoal do PSDB, e para o próprio Solidariedade. Agora não é mais. O que eles e o próprio Wagner dirão aos eleitores sobre as mudanças? O candidato deixou de ser o melhor para Fortaleza? Todos estavam equivocados na época? Como o pessoal do MDB vai explicar ao eleitorado da Capital cearense que o melhor agora é o Heitor e não o Wagner, como diziam em 2016? E os tucanos que agora estão com Sarto, como explicarão suas posições de hoje, se diziam que Wagner era melhor do que o próprio Roberto Cláudio, o vencedor do pleito em 2016?

Os políticos brasileiros parecem não ter memória ou – não queremos acreditar que sim – buscam sempre desrespeitar a inteligência do eleitor. Nenhuma coligação deve ser permanente. Mas elas precisam ser bem explicadas aos eleitores, sobretudo na formação e no rompimento. Nos dias atuais, pouco ou quase nada é dito sobre as razões motivadoras das alianças majoritárias. Claro que o primeiro objetivo de uma coligação é unir forças para ganhar a eleição. Mas isso não é tudo. Não é correto se fazer aliança apenas para derrotar adversário, enaltecendo um candidato que amanhã você mesmo não mais o elogiará posto estar ligado ao adversário de ontem.

Jornalista Edison Silva analisa as coligações que se formaram em torno dos candidatos a prefeito de Fortaleza: