Convenção de 2016 de lançamento da candidatura de Capitão Wagner a prefeito de Fortaleza. Foto: MDB.

O deputado federal Capitão Wagner (PROS) é, no momento, o favorito na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, no pleito deste ano. Na avaliação de todos os seus adversários, inclusive os governistas, de onde sairá o seu principal concorrente, a eleição para gestor da Capital cearense só será decidida no segundo turno da disputa, e ele estará lá, na reta final. O nome de Wagner foi homologado neste feriado de 7 de setembro. Ele terá como vice a senhora Kamila Cardoso, filiada ao Podemos, agremiação liderada no Ceará pelo senador Eduardo Girão, a quem Wagner ajudou a eleger em 2018, derrotando um dos seus aliados nas eleições de 2014 e de 2016, o ex-senador Eunício Oliveira.

A efetivação do nome de Kamila aconteceu poucas horas antes da convenção, após algumas tentativas frustradas do próprio Wagner, conhecidas no último fim de semana, dentro dos partidos da sua coligação, depois de baldados os esforços para a formação de aliança com o PSDB, o MDB, DEM e PSL, para citarmos apenas os que têm um bom tempo para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, e dos quais poderia ter saído o nome do seu companheiro de chapa. As desculpas recebidas para a não aceitação do convite pessoal de ser seu candidato a vice, depois da desilusão de coligação com PSDB, MDB, DEM e PSL, politicamente são negativas para Wagner. O normal, no ambiente político, é o candidato com perspectiva de vitória ter muitos aliados querendo ser o seu vice.

O revés, contudo, não diminuirá o tamanho da sua expressão política, e nem a manutenção do status de líder na corrida eleitoral. Contudo, já a partir desta campanha, se pretensões majoritárias futuras tiver, precisa rever a sua relação política com os representantes credenciados das demais agremiações. Caso contrário, vai estar sempre isolado. E sem a ajuda necessária de parceiros, dificilmente se ganha eleição majoritária, embora tenhamos registro de algumas exceções. O candidato a cargo majoritário precisa ter a qualidade de agregador. O disputante de um mandato proporcional, nem tanto. O atual vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, por alguns anos na política cearense, foi o que Wagner está sendo hoje. Por ter mudado, chegou ao fim da sua atuação política no Executivo.

Sabe muito bem o deputado Capitão Wagner que não conta com o PSDB e com o MDB, nas eleições deste ano, por conta de dificuldades de relacionamento dele com Tasso Jereissati e Eunício Oliveira, em pleitos passados. Sabe também das razões motivadoras do estancar de suas conversas com o presidente estadual do PSL, deputado federal Heitor Freire, assim como as tratativas com a direção nacional do DEM. E todas essas agremiações, a exceção do PSL, estão próximas do candidato governista, que ainda não se sabe quem será, não pelo fato de quererem estar ao lado do Governo municipal, mas, unicamente, pela vontade de derrotarem o Capitão, exatamente o contrário do que aconteceu em 2016, quando Wagner, com a ajuda deles, chegou ao segundo turno da disputa com Roberto Cláudio.

A ajuda deles (PSDB e MDB), convenhamos, foi mais no sentido de dar musculatura à estrutura de montagem do palanque, e sobretudo no espaço para a propaganda do discurso oposicionista do Capitão. O que lhe falta agora, mesmo contando com o apoio de alguns deputados do PSDB, inimigos dos irmãos Cid e Ciro Gomes, os principais líderes do PDT, de onde sairá o candidato adversário de Wagner. As convenções partidárias poderão ser realizadas até o próximo dia 16. Até lá, todos esses partidos aqui citados poderão mudar de caminho, embora, pelo quadro atual, qualquer alteração de rota deles parece ser bem difícil. Após o dia 16, não se falará mais em novas coligações, e mudança de candidato só se o próprio renunciar à sua postulação para permitir que o partido indique um seu substituto dentro da coligação já formada.