Assessor afirma que a maior parte da população não tem conhecimento do real valor pago de impostos embutidos em bens e serviços. Foto: Reprodução/Agência Brasil.

O assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos, disse que a simplificação de tributos proposta pelo Governo Federal é uma solução para o que chama de ”manicômio tributário” praticado no país.

Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, ele afirmou que o sistema tributário atual é ”uma caixa-preta” e que a maior parte da população não tem conhecimento do real valor de impostos embutidos em bens e serviços pagos. ”O ICMS, por exemplo, você pensa que está pagando na conta de luz, 25%, mas não é 25%. É 33%. Na lei é 25%, mas na forma como é calculado, gera imposto sobre imposto”, exemplificou.

A primeira parte da proposta de reforma Tributária apresentada pelo Executivo prevê a unificação de dois impostos federais: o Programa de Integração Social e o de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS-Pasep) e a Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

No texto, o Governo propõe a criação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), com alíquota única de 12%. A ideia é que a CBS incida apenas sobre a receita bruta do faturamento empresarial, e não pelo cálculo da receita total, como ocorre atualmente com o PIS e a Cofins.

”A CBS é importante para corrigir, principalmente, a tributação sobre bens. A indústria está muito satisfeita”, disse o assessor de Paulo Guedes. Mas, na conversa com os jornalistas Paulo La Sálvia, Carlos Campbell e Vanessa Casalino, Afif admite que a reação do setor de serviços não é semelhante. ”Porque está muito difuso e entrando em uma fase que você não consegue alcançar”, completou.

O assessor especial faz referência essencialmente ao caráter digital que tem se tornado a principal característica desse setor. ”Temos que ir para um sistema que simplifique o processo de captura da transação. A forma de se fazer isso, na minha opinião, é perseguir o dinheiro. Onde ele está circulando. É aí que você vai ter a taxação desse volume. Eu advogo a taxação na transação porque ela pega as duas pontas, ela tem potencial de arrecadação e não tem problema de custo burocrático. Sou adepto do Imposto sobre Transações Digitais como único moderno nessa discussão”, afirmou.

No programa, Afif diz ainda que ”aumentar imposto está proibido” e afirma que o Executivo tem pautado suas propostas na defesa da desindexação, da desoneração e da desvinculação orçamentária. ”No Brasil, mesmo que não tenha receita, o orçamento aumenta a despesa automaticamente em função das indexações”, destacou.

O economista admite que a reforma pode representar aumento da carga tributária para o setor de serviços, que está em crescimento progressivo. ”Hoje o maior empregador é o prestador de serviços. Portanto, se ele está sendo punido numa reforma Tributária, ele tem que ser olhado de forma diferente. Tanto é que as entidades se conformam com a manutenção dessa alíquota única se elas forem desoneradas na folha de pagamento por meio do outro tributo. Isoladamente, dificilmente vão ficar os 12% na negociação”, completou.

Também convidado para o programa da TV Brasil, o economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), William Baghdassarian, disse que o governo ”foi muito feliz” ao propor a simplificação de tributos federais. Sobre o percentual que deve ser criado para o setor de serviços, Baghdassarian destacou que o país está migrando para uma economia digital e precisa adequar o sistema. ”Hoje a gente usa aplicativos de transporte, de alimentação. Os entes que arrecadam com base em bens estão perdendo base e a tendência é que percam cada vez mais. E os serviços estão se reforçando cada vez mais. Naturalmente, como é uma base que está crescendo, o imposto acaba recaindo um pouco mais”, avaliou.

Fonte: Agência Brasil.