Líder do Governo, vereador Esio Feitosa, entre os opositores Márcio Martins e Larissa Gaspar. Foto: Miguel Martins.

Como já era de se esperar, o retorno das atividades presenciais na Câmara Municipal de Fortaleza foi de embate entre vereadores da base governista e bancada de oposição. Tudo indica que nos próximos dois meses, que antecedem as eleições, as discussões serão norteadas por acusações e cobrança de postura de ambas as partes, visto o tom desse primeiro dia de sessão presencial após quase quatro meses de reuniões virtuais em razão da pandemia do coronavírus.

Em sua participação na tribuna, o opositor da gestão municipal, vereador Márcio Martins (PROS), voltou a questionar sobre os R$ 17 milhões que a Prefeitura teria investido na compra de respiradores, sendo que os equipamentos não foram disponibilizados pela então empresa contratada. O parlamentar também fez acusações sobre a menção do nome do prefeito Roberto Cláudio em áudio vazado e atribuído ao deputado estadual Bruno Gonçalves, do PL.

Em resposta aos questionamentos e insinuações feitos pelo vereador de oposição, o líder do Governo, Esio Feitosa (PSB), destacou que desde que iniciou sua vida pública, o deputado federal Capitão Wagner (PROS), pretenso candidato a prefeito de Fortaleza, nunca fez nada pela cidade. Wagner é a principal liderança do grupo político que tem Márcio Martins como membro.

Segundo Feitosa, Wagner tem como única ambição em sua carreira política “tomar o assento da Prefeitura”. “Desde que ele entrou na carreira política, ainda em 2012, foi vereador, deputado estadual e agora deputado federal, mas a ambição é tomar assento na Prefeitura. E eu creio que o povo não vai entregar o cargo a quem nunca fez nada pelo povo de Fortaleza e nem do Ceará. O que ele fez de benefício? Não encontramos nada”, apontou.

O líder do Governo questionou a Martins a entrega de 91 respiradores, que teriam sido prometidos pelo deputado federal, mas não chegaram à cidade, bem como os R$ 5 milhões de emendas parlamentares, que também, de acordo com o vereador da base, não foram enviados para a Capital cearense.

Ainda de acordo com ele, durante todo o processo de pandemia, o grupo político liderado por Capitão Wagner buscou “desconstruir” as políticas públicas implementadas pelo prefeito Roberto Cláudio e pelo governador Camilo Santana.

“Parte da oposição, representada pela turma do Capitão, apenas tentou, como hoje ainda tenta, desconstruir tudo o que foi feito de positivo para nossa cidade. Será que o povo de Fortaleza vai  tentar desconstruir tudo o que foi feito de bom para a cidade? Tenho certeza que não. O povo de Fortaleza tem juízo”, disse Esio Feitosa.

Adail Júnior (PDT) também partiu em defesa da gestão. Segundo ele, no caso que se refere aos áudios vazados do deputado estadual Bruno Gonçalves, o parlamentar utilizou de “inverdades”, o que pode ser justificado na ida de alguns pretensos candidatos para outros partidos e não para aqueles que Gonçalves afirmou que os levariam.

“Ele (Bruno) disse que vários vereadores estariam em seu partido. Está ai a prova, eles foram para outros partidos”, disse Adail. O pedetista também questionou à oposição o que foi feito pelo grupo político de Capitão Wagner para melhorar a situação da cidade em meio à pandemia de coronavírus. Ele também insinuou ter havido irregularidade na direção das associações de militares no Ceará.

“Quando vocês vão responder à suplente de vereadora Natália Rios, sobre a caixa preta das associações militares? Vocês são tão bons de perguntar. Responda à suplente, cadê a caixa preta?”, questionou Adail Júnior. Ele se referia a um vídeo disponibilizado por uma suplente do PDT em que ela insinua ter havido irregularidades na administração dessas associações, que são ligadas a Capitão Wagner.

Durante a sessão presencial desta quarta-feira (05) ficou mais evidente a participação da vereadora Priscila Costa (PSC) como mais um integrante da bancada de oposição. Até o início do ano, a parlamentar fazia parte da base governista. Julierme Sena (PROS), que tem postura mais comedida entre os opositores, também teve posicionamento mais atuante contra a gestão.

Base e oposição utilizaram máscaras como forma de protesto. Fotos: Miguel Martins.

 

Durante a sessão ordinária, máscaras foram utilizadas como forma de protesto. Quatro vereadores da bancada de oposição utilizaram o acessório com os dizeres “Cadê os R$ 17 milhões”, em referência ao investimento feito pela gestão municipal em respiradores. Já o governista Evaldo Lima (PCdoB), usou uma máscara escrita “Fora Bolsonaro”.

Os vereadores também demonstraram preocupação quanto ao uso das redes sociais durante o período pré-eleições. Muitos demonstraram desconhecer a legislação eleitoral vigente, e têm receio de serem punidos por alguma ação do Ministério Público Eleitoral.

A maioria dos parlamentares da Câmara Municipal esteve presente ao Plenário Fausto Arruda para a abertura dos trabalhos presenciais. Alguns, porém, preferiram participar da sessão de seus gabinetes, através de videoconferência. Durante participação do prefeito Roberto Cláudio, houve falha na transmissão e parte de seu pronunciamento não foi ouvido pelos presentes na Casa.

Apesar das recomendações, não foi possível evitar a aglomeração de vereadores, assessores e imprensa durante a reabertura dos trabalhos da Casa. O vereador Ziêr Férrer (PDT) chegou a reclamar da quantidade de pessoas presentes no plenário.