Ronivaldo foi o primeiro petista na Câmara de Fortaleza a defender possibilidade de diálogo entre PT e PDT. Foto: CMFor.

Principal legenda de oposição ao Governo de Roberto Cláudio desde janeiro de 2013, o Partido dos Trabalhadores (PT), nos últimos meses, tem enfrentado um dilema que passa pela possibilidade de aliança com o PDT nas eleições deste ano em Fortaleza.

Durante pronunciamento na Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (12), o vereador Ronivaldo (PT) defendeu um diálogo entre todos os partidos de esquerda, inclusive, com a sigla pedetista.

No entanto, o parlamentar ressaltou que, em não sendo possível unidade entre todas as legendas, que houvesse diálogo mais próximo ao menos com o Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL. De acordo com o parlamentar, dirigentes das duas agremiações estão dialogando. “PT e PSOL devem estar juntos na eleição de novembro”, disse o petista durante sessão ordinária na Câmara Municipal.

Para Ronivaldo, a construção de uma Frente Popular de Esquerda em Fortaleza é um desafio difícil de se concretizar, devido as especificidades dos partidos na cidade. Ele lembrou que em Porto Alegre o PT está construindo apoio à pré-candidatura de Manuela D’Ávila, do PCdoB, enquanto que no Rio de Janeiro a sigla também apoiava um entendimento em prol do nome do deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL, o que não se concretizou.

“Queríamos estar unidos para enfrentar esses que são da extrema-direita, que são pessoas que tem o de pior do neofascismo, de preconceito, de coisa que não vem para o bem. Temos discutido apoio de outros partidos que estão no campo do antibolsonarismo. Aqui em Fortaleza esse sentimento está dado”, afirmou.

Segundo Ronivaldo, mesmo em uma eleição em dois turnos, é possível aproximar os partidos de esquerda, em especial PSOL, PCB, UP, PCdoB e PSB. O vereador defendeu ainda a necessidade de diálogo com o PDT, do prefeito Roberto Cláudio.

“Nosso lado é o da defesa da democracia, dos movimentos humanos, movimentos civis. Nunca será o lado daqueles que querem a intolerância, a força para se afirmar num país tão continental, com um povo como o brasileiro. Meu posicionamento é que, mesmo que não nos reunamos no todo, o PT e o PSOL têm com a cidade essa tarefa, já que temos a possibilidade de conversarmos sobre um programa”, defendeu.

Em Fortaleza, o PDT apresentou cinco nomes como pré-candidatos a prefeito. Já o PT indicou a deputada federal Luizianne Lins. O PSOL também tem um postulante ao pleito municipal, é o deputado estadual Renato Roseno.

Segundo Ronivaldo, PT e PSOL podem também discutir sobre a chapa de vereadores. “A gente sabe da importância de se discutir isso. A última vez que o PT teve dois vereadores foi em 1982. Desde 1996 até 2016 sempre tivemos quatro vagas. Mas em 2016 caiu para dois, pelo jogo duro da criminalização do PT”, justificou.

O petista destacou que o PSOL tem interesse na chapa de vereador, mas salientou que Fortaleza está acima dos interesses particulares dos partidos políticos. “PT e PSOL devem estar juntos na eleição de novembro. Essa é a tarefa para animar a esquerda. Para dizer que a Frente Popular de Esquerda em Fortaleza existe. Essa Fortaleza rebelde que já elegeu duas mulheres em sua história”, afirmou.

“O PT e o PSOL têm possibilidade de realizar esse bom debate, a partir de um programa, a partir do desafio de uma eleição em dois turnos. Falando pessoalmente, esse é meu desejo, de que essa chapa possa caminhar no debate que já está ocorrendo entre as lideranças dos dois partidos, no sentido de se consolidar” – (Ronivaldo)

O Partido dos Trabalhadores e o PSOL, depois de anos em campos opostos, se reuniram no pleito de 2018, quando a sigla socialista apoiou o nome de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. Nos últimos meses, após estarem organizadas na bancada de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), as duas agremiações resolveram construir alianças em diversas cidades nas disputas eleitorais deste ano.