Oposição na Câmara é formada principalmente por petistas e membros do PROS. Foto: Divulgação.

A oposição ao prefeito Roberto Cláudio na Câmara Municipal de Fortaleza não possui uma bancada coesa. Muito pelo contrário. Com membros marcados por ideologias partidárias bem distintas, os sete oposicionistas da Casa se esforçam para impor suas pautas durante as discussões em plenário. Agora, os dois grupos lutam, isoladamente, defendendo os seus nomes para a disputa do Executivo da Capital cearense.

O Partido dos Trabalhadores (PT), já há algum tempo tem permanecido cada vez mais comedido em sua atuação parlamentar, principalmente, após o início do isolamento social na Capital. Durante esse processo, os três petistas da Casa – Guilherme Sampaio, Larissa Gaspar e Ronivaldo – buscaram apoiar todas as matérias do Governo, destacando a importância da defesa da vida da população. A deputada federal Luizianne Lins é a pré-candidata a prefeita de Fortaleza do PT.

Apesar de opositores a Roberto Cláudio desde o dia 1° de janeiro de 2013, ou seja, há quase oito anos, o Partido dos Trabalhadores de Fortaleza tem que conviver com o fato de que a maior liderança política com cargo público no Ceará, o governador Camilo Santana, do PT, é aliado de primeira ordem do prefeito da cidade.

Cabe ao outro trio – Márcio Martins, Sargento Reginauro e Julierme Sena, se impor com maior liberdade na Casa, uma vez que são liderados pelo deputado federal Capitão Wagner, do PROS, candidato derrotado por Roberto Cláudio no segundo turno das eleições de 2016, e pré-candidato a prefeito no pleito deste ano.

Esse grupo também é alinhado ideologicamente com o Governo do presidente Jair Bolsonaro. Por conta disso, recebeu a adesão da vereadora Priscila Costa (PSC), até o início deste ano era integrante da base de apoio do prefeito Roberto Cláudio. Bolsonarista convicta, a parlamentar dará sustentação à candidatura de Wagner em Fortaleza.

De acordo com o líder desse grupo na Câmara, o vereador Márcio Martins, ainda durante as plenárias virtuais dos últimos meses, o tema eleições 2020 era uma constante nos pronunciamentos feitos durante as sessões. Segundo ele, o acirramento tem se acentuado cada vez mais com a proximidade do processo eleitoral. Em sua avaliação, apesar de pequena, a oposição, dentro e fora dos muros da sede do Poder Legislativo, tem ficado mais barulhenta e propositiva.

“O grupo dos Ferreira Gomes sente nosso grupo com maior envergadura, com um Wagner mais maduro, mais propositivo, usando suas atribuições em Brasília. Pretendemos fechar com, no mínimo, dez partidos, com tempo de TV, mas também com condições reais de vencer as eleições”, disse o parlamentar.

Governistas

Segundo disse, Wagner tem flertado com algumas siglas de maior envergadura, como os Progressistas, atualmente, na base do prefeito Roberto Cláudio.

Ele lembrou que, recentemente, durante votação de mensagem do Poder Executivo municipal que alterava os prazos de vistorias dos transportes em Fortaleza o parecer contrário do presidente da Comissão de Constituição e Justiça a uma emenda de sua autoria foi rejeitado pelos demais membros do colegiado, inclusive, governistas.

Sobreviver

“Estou aqui há três anos e meio e não tinha comemorado ainda a comissão derrubar parecer do relator, e ainda mais ele sendo presidente da CCJ. Isso comprova que matéria boa, nem mesmo os governistas resistem. Meus colegas, inclusive, os pedetistas pensaram na cidade. Essa é a Câmara que eu busco”, disse Martins.

De acordo com ele, por ser pequena – e sem unidade – a oposição precisa ser barulhenta para sobreviver. “Já que somos poucos, temos que ser dinâmicos, criativos e ousados. Às vezes, por ser muito grande, a base nos subestima. E a nossa ideia é fazer uma oposição dura, mas inteligente e qualificada”, concluiu.