Petistas reunidos com o governador Camilo Santana. Foto: Divulgação.

As lideranças pedetistas do Ceará não farão esforço algum para ter o PT, nas eleições deste ano, como seu principal aliado em Fortaleza. E com razão. É muito recente a virulenta troca de acusações entre Ciro Gomes e aliados do ex-presidente Lula, incluindo a deputada federal Luizianne Lins. Uma aliança entre eles, agora, poderia agregar mais desgastes que resultado eleitoral positivo ao candidato do PDT a prefeito da Capital. O esforço para tirar Luizianne da disputa, em curso pelo governador Camilo Santana, não necessariamente para aliar os dois partidos, certamente é do agrado do PDT, pois o discurso forte da deputada petista na campanha gerará muito desconforto, inclusive para o governador.

Não duvida o prefeito Roberto Cláudio, que coordena sua própria sucessão junto aos partidos aliados, assim como para o senador Cid Gomes, e outras lideranças do PDT, que, com ou sem Luizianne no páreo, Camilo Santana estará ao lado do candidato pedetista, abertamente ou guardando as limitações da Legislação Eleitoral. Os governistas, embora entendamos ser uma avaliação equivocada, não têm a pretensa candidata do PT, no pleito deste ano, como uma forte concorrente ao cargo. O foco deles é na postulação do deputado federal Capitão Wagner. Assim, uma outra boa contribuição que o governador poderia dar, neste momento, ao candidato que quer ajudar a eleger, será agir no sentido de o MDB ter o seu candidato próprio, ou, em última hipótese, aliar-se a qualquer outro partido, exceção do PROS e do PT.

O MDB tem um bom tempo para a propaganda eleitoral, no rádio e na televisão. E estes dois possantes instrumentos ainda terão grande influência na disputa deste ano, contrariando aos que potencializam o resultado que possa causar a internet, ainda inalcançável por uma boa parte do eleitorado da periferia. Infelizmente, nos últimos anos, o tempo destinado aos partidos pela Justiça Eleitoral, com base na composição parlamentar de cada um deles, é muito mais importante para o candidato majoritário do que propriamente o apoio dos políticos, considerados donos das agremiações. E dizemos infelizmente, exatamente pela constatação da ausência de lideranças políticas capazes de sensibilizar o eleitor a votar nesse ou naquele nome por ele apoiado. Hoje, lamentavelmente, o forte apelo para a condução do voto é o dinheiro.

Os partidos governistas já estão somando um bom tempo para a propaganda eleitoral. Estão na base de apoio ao candidato que o PDT indicar, o PP, PSD, PSB, DEM, PTB e outros com menor espaço. Não nos parece, neste momento, quase final de acertos de alianças, que eles (governistas) estejam na corrida por mais tempo para propaganda eleitoral do seu indicado, embora não o rejeite se surgir, mas o que apresenta ser mais importante agora é evitar que Wagner e Luizianne, seus principais adversários, consigam somar mais espaços no rádio e televisão. O tempo de Wagner, embora esteja aliado com vários partidos, é muito pequeno. Só o PSL poderá dar fôlego à sua campanha nos dois citados meios de comunicação. E não está fácil o entendimento dele com o deputado federal Heitor Freire, presidente estadual do PSL, e também pré-candidato a prefeito.

As duas últimas eleições em que Wagner esteve ao lado do MDB e do PSDB, motivaram um certo esgarçamento nas relações dele com o ex-senador Eunício Oliveira e com o senador Tasso Jereissati, os “donos” dos respectivos partidos. É muito difícil um dos dois acostarem-se à sua postulação, ademais, levando-se em consideração o relacionamento político de Camilo com Eunício, e o distanciamento de Tasso do Governo Bolsonaro, com quem Wagner tem ligação, mais distante fica o espaço que os separam. Eunício, como Luizianne, não têm como votar num candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza. Não são apenas adversários, são inimigos comuns de Ciro. Mas o PSDB sim. E só já não está na aliança governista por conta das tratativas feitas por Camilo para levar o PT a votar no nome do PDT. O PSDB não participará, no primeiro turno, de palanque do qual o PT faça parte.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre os bastidores da escolha do candidato governista para a disputar da Prefeitura de Fortaleza: