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No último sábado (15), jornalistas cearenses receberam, naturalmente para análises e divulgação, cópias de uma “Carta Aberta aos Democratas e Progressistas de Fortaleza”, iniciada com a seguinte indagação: “O que nos une?”. O documento, de 14 itens, sem assinaturas dos autores, mas atribuído aos petistas deputado Acrísio Sena e secretário estadual Artur Bruno, começa advertindo sobre ameaças à Democracia brasileira, causadas, segundo está registrado, por ações do Governo Bolsonaro. Ressalta, ainda, o progresso das administrações municipais de Fortaleza, de responsabilidade da petista Luizianne Lins e do pedetista Roberto Cláudio, como justificativa para a união dessas duas agremiações, e as demais do mesmo campo progressista, na disputa pela Prefeitura da Capital cearense neste ano.

O apelo, indiscutivelmente, não tem outra finalidade senão a de oferecer elementos para Luizianne retirar sua candidatura, sem desonra, deixando o PT livre para acertar a aliança com o PDT. A deputada, atualmente, é o único expressivo óbice à coligação das duas siglas defendida pelo governador Camilo Santana. Esse movimento de petistas cearenses, aliados do governador, acontece no momento em que, nacionalmente, alguns correligionários de Lula começam a reagir contra o seu comportamento isolacionista, razão da divisão das oposições nacionais e o crescimento, apontado pelas pesquisas, da avaliação positiva do Governo Bolsonaro, como analisado pelo professor André Singer, um dos mais próximos do próprio Lula.

Claro que Luizianne não cederá fácil. O arrazoado da Carta pode sensibilizá-la, e ao mesmo tempo aumentar o número de seus apoiadores, dentro do partido, a entenderem que o melhor para os petistas da Capital cearense é integrarem-se ao grupo de Camilo, na defesa da candidatura de um pededista em Fortaleza, para, também, no futuro próximo não virem a ser responsabilizados por mais um insucesso eleitoral, como os reveses já experimentados, todos com consequências desagradáveis para o todo do PT local. Mas, mesmo sensibilizada com o chamado à unidade das oposições ao bolsonarismo, a deputada poderá exigir muito para deixar de ser o obstáculo ao desiderato de Camilo.

Fora Luizianne, lamentavelmente, o PT não tem nome para disputar, competitivamente, o cargo de prefeito da Capital cearense. E mesmo se tivesse, como aqui já comentamos, nesta eleição não teria o PDT para ajudá-lo a eleger. As eleições de Fortaleza são fundamentais para o projeto político nacional de Ciro Gomes, portanto, só a vitória de um pedetista pode comprovar a liderança dele. Um candidato a presidente da República, além de ter as qualificações necessárias para a importância do cargo que almeja, precisa também mostrar que tem o reconhecimento dos eleitores do seu Estado. Luizianne, portanto, não terá a mínima chance de ser atendida, se condicionar sua saída da disputa à indicação de um outro nome do PT para ser apoiado pelo PDT.

Até então céticos quanto à possibilidade de o PT votar num candidato do PDT em Fortaleza, nas eleições deste ano, hoje, principais líderes do grupo governista já não estão tão incrédulos quanto a essa possibilidade, embora continuem muito reservados em comentar o assunto. Até quando essa dúvida persistirá, não sabemos. Porém, com certeza, o candidato do PDT à sucessão do prefeito Roberto Cláudio só será conhecido quando concluído estiver essa negociação comandada pelo governador Camilo Santana, cujas conversas, para unir PT e PDT em Fortaleza, sempre são compartilhadas com o senador Cid Gomes e com o prefeito Roberto Cláudio.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: