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Uma sessão extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) na última sexta-feira (31) começou e terminou com uma discussão entre subprocuradores, que tentavam politizar a reunião para defender a “lava jato”, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, que deu uma bronca nos colegas.

No início da sessão, o subprocurador Nicolao Dino interrompeu o debate da proposta orçamentária do órgão para 2021 para ler uma manifestação assinada por quatro conselheiros contra Aras. A revista Veja publicou a íntegra da manifestação.

Dino reclamou da exposição pública de patranhas (mentiras) que envolvem o MPF. Defendeu a tese de que uma acusação, por mais fundamentada que seja, quando atinge membros do MP, não deve ser levada a público. Algo diferente da prática das forças-tarefas que, antes da conclusão de inquérito, antes da denúncia e de qualquer julgamento, levam à imprensa a “certeza” da culpa do acusado — o que levou deputados, senadores, governadores, empresários às inefáveis “prisões preventivas”, sem materialidade alguma nas imputações.

Na carta, os subprocuradores queriam criticar também as acusações feitas por Augusto Aras em uma live do grupo Prerrogativas, quando o PGR disse que a “lava jato” tinha dados de mais de 38 mil pessoas, em um banco de dados com capacidade superior a de todos os demais órgãos do Ministério Público juntos.

Aras, então, interrompeu Dino para lembrar que a sessão deveria debater o orçamento, e afirmou que ela não seria “um palco político de Vossa Excelência e de ninguém”.

Dino rebateu e disse que Aras estava impedindo seu direito de manifestação. “Vossa excelência quer estabelecer um monólogo e não um diálogo”, afirmou.

Aras, então, afirmou que Dino poderia voltar a falar do assunto ao final da reunião. “Após a sessão do orçamento, Vossa Excelência terá a palavra e eu irei replicar os pretextos de Vossa Excelência, e o farei com documento de que disponho em mãos para acabar com qualquer dúvida acerca dos fatos.”

No final da sessão, Aras tomou a palavra e disse que tinha provas de tudo o que falou durante o evento. “A vida exige coragem, e coragem não me falta para responder a cada um dos colegas conselheiros. Em um evento acadêmico, não falei senão pautado em fatos e provas, que se encontram sob investigação da corregedora-geral do MPF e do Conselho Nacional do MP. Caberá a esses órgãos apurar a extensão, profundidade e autores de tudo que declarei, porque tenho provas, que já estão depositadas perante os órgãos competentes”, registrou.

Aras criticou duramente as entrevistas dadas pelos colegas em off (no jargão jornalístico, quando a pessoa que dá opinião não é identificada nominalmente), com acusações e críticas à sua gestão.

“O colega Nicolao Dino foi o porta-voz de alguns que fazem oposição sistemática ao procurador-geral da República, que vivem a plantar fake news (que estou colecionando com as respectivas respostas). Existe a peçonha de não mostrar a cara. Todas as matérias que saem da imprensa, é um procurador ou procuradora que passa. O anonimato, mais do que inconstitucional, é covarde. Eu não tenho medo de enfrentar argumento, nem receio de desagradar, desde que esteja nos trilhos da Constituição, da lei, da moral, dos meus deveres para com o MPF”, disse Aras.

“Convidei a todos para participar da nossa gestão. É muitas vezes mais conveniente ficar na oposição, e com a mídia que vive a babar por sangue de reputações e imagens, é muito prazeroso ter uma fonte fidedigna. Ocorre que o mesmo jornalista também traz o nome de Luiza Frischeinsen e de Nicolao Dino como fonte. E eu trato vossas excelências com respeito. Agora, não me venha satanás pregando quaresma. Vamos manter o respeito”, cobrou.

“É preciso que os colegas perguntem o que vossas excelências, que integram a oposição sistemática, fizeram para deixar que a instituição perdesse R$ 1,02 bilhão de orçamento nas gestões anteriores. O que fizeram para deixar esta Casa na penúria, com o menor subsídio entre todas as carreiras jurídicas?”, questionou o PGR que, depois de sua fala, encerrou a sessão.

Com informações do site ConJur.