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O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista exclusiva ao programa “Os Pingos nos Is” da rádio Jovem Pan, na última quinta-feira (13) à noite, disse que está discutindo com o comando do PSL o seu retorno à sigla, demonstrando um certo desapontamento com a empreitada de formar o Aliança, um partido que abrigaria os seus liderados nas eleições deste ano e, principalmente, na próxima, em 2022, quando ele quer estar disputando um novo mandato. Baldados os esforços desenvolvidos pelo próprio presidente e figuras importantes do seu Governo na busca de filiações para garantir a criação da nova sigla, Bolsonaro reavalia o atual quadro político, para decidir sobre o seu próximo abrigo partidário. Hoje ele está sem filiação.

Bolsonaro, na mesma entrevista, disse ter sido procurado por uns três dirigentes de partidos, inclusive o PTB de Roberto Jefferson, mas deixou explícito que as conversas estão mais aprofundadas com a direção do PSL, por cuja agremiação foi eleito, embora tenha ressaltado que a única dificuldade realmente existente para a sua volta ao PSL são as manifestações de uns 6 ou 8 parlamentares da agremiação, hoje aliados aos tradicionais adversários do seu Governo. Ele não os nominou, e, por isso, fica a dúvida quanto ao deputado federal cearense Heitor Freire, que embora não esteja na relação dos ativos adversários do presidente, na época do rompimento de Bolsonaro com o PSL, foi apontado como um dos pivôs daquela separação.

Até hoje, como aqui já observamos, nenhum presidente da República foi decisivo em eleição municipal em Fortaleza. Ao contrário, repita-se, Lula, quando presidente, foi o primeiro apoiador da candidatura de Inácio Arruda (PCdoB) à Prefeitura da Capital cearense e foi derrotado por Luizianne Lins, filiada ao mesmo PT do presidente. Portanto, não será a figura de Bolsonaro, agora com uma avaliação melhorada, segundo a última pesquisa do DataFolha, que influenciará a disputa municipal de Fortaleza. O PSL, porém, pode sim, influir. O partido tem um bom espaço para a propaganda eleitoral no rádio e televisão. E isto é um importante instrumento de alavancagem e sustentação de qualquer candidato. Se o presidente for filiado a este partido, melhora o discurso do candidato quando garante ter facilidade de conseguir recursos federais para sua administração.

Hoje, o PSL, só e tão-somente pelo seu espaço na propaganda eleitoral, é o objeto de desejo do deputado federal Capitão Wagner, o principal adversário do candidato governista que ainda não se conhece. Heitor Freire, presidente estadual do PSL, sabe dessa força e não quer cedê-la a Wagner, que no campo da direita, é o seu primeiro adversário na disputa do voto proporcional. Mas, se Bolsonaro volta ou tem garantia de voltar a esta sigla, o Capitão Wagner tem chance de receber o apoio do PSL, não apenas pelas razões que motivaram o afastamento do deputado Heitor Freire de Bolsonaro, mas, principalmente, por ser o adversário bem mais veemente de Ciro Gomes, além de reunir melhores condições de disputa.

Apesar de Bolsonaro, parece até um paradoxo, ter sido eleito presidente da República filiado a um partido quase sem tempo para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, a força dos candidatos está na propaganda eleitoral. Nas grandes cidades, as coligações partidárias são efetuadas, quase que exclusivamente, levando-se em consideração o espaço da propaganda. Em Fortaleza, pelo tempo garantido que têm, em razão do tamanho de suas bancadas na Câmara dos Deputados, o PSL, MDB e PSDB, são as siglas mais cobiçadas para alianças, embora todas tenham filiados dizendo-se candidato a prefeito. As demais, como PT, PP, PSD, PDT e outras menores, já estão com candidaturas ou alianças definidas.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre a influência de Bolsonaro nas eleições de Fortaleza: