Líder do prefeito, Esio Feitosa, tem ressaltado intenção eleitoreira da oposição, que segundo ele, é alinhada a Bolsonaro. Foto: CMFor.

Os discursos ficaram mais incisivos, as críticas constantes. Vereadores de Fortaleza, mesmo com a limitação das discussões através de videoconferência, estão explorando seus pronunciamentos com vistas ao período eleitoral que se avizinha. Os confrontos, que se intensificaram nas últimas semanas, têm como foco principal a pandemia de coronavírus que atinge a cidade desde março passado.

Na disputa entre governistas e opositores, a bancada do PT, partido que faz oposição ao prefeito Roberto Cláudio desde janeiro de 2013, tem ficado de lado, muitas vezes, inclusive, sendo elogiada por aliados do Governo pela postura adotada na Casa. O conflito tem se dado, principalmente, entre a liderança da base aliada com a oposição formada pelos vereadores do PROS.

Vale ressaltar que a maior bancada na Casa é formada por vereadores do PDT, partido do prefeito Roberto Cláudio, que está preparando o nome daquele que vai disputar a sua substituição na Prefeitura a partir de janeiro do próximo ano. Já a oposição é dividida entre petistas, que escolheram Luizianne Lins como pré-candidata, e por parlamentares do PROS, cujo principal líder político é Capitão Wagner, derrotado no segundo turno das eleições em 2016, e pretenso candidato oposicionista em novembro.

O conflito recente entre os dois grupos se deu quando os vereadores votaram, na semana passada, a liberação de R$ 17 milhões para a aquisição de “kits de alimentação” para crianças da rede pública de ensino. Líder do PROS, Márcio Martins, em um primeiro momento, indicou que sua bancada fosse contrária à urgência da matéria, o que gerou críticas de governistas. Aliados de Martins desconsideraram o encaminhamento dele e foram favoráveis à medida desde o primeiro momento.

O líder do Governo na Casa, vereador Esio Feitosa (PSB), consciente da baixa aprovação do presidente da República, Jair Bolsonaro, em Fortaleza, tem reiterado em todas as recentes sessões virtuais que o grupo de Martins e Capitão Wagner, no Estado, representa os interesses do Governo Federal.

Na semana passada não foi diferente. Feitosa disse que, mesmo apoiando Bolsonaro, e tendo relação com o Governo Federal, os membros do PROS “não levantaram uma palha” para abrir leitos nos hospitais federais da Capital para socorrer vítimas do novo coronavírus. “Fizeram alarde dos respiradores que o Wagner teria conseguido em Fortaleza, e passados quase vinte dias, não se viu a cor de um desses respiradores”, afirmou.

“A bancada do PROS, sob orientação do Capitão Wagner, tem trabalhado no sentido de inviabilizar as mais importantes políticas públicas implementadas em nossa cidade pelo prefeito Roberto Cláudio e pelo governador Camilo Santana. Faço essa afirmação com muita tranquilidade, temos sobejas provas que beiram à sabotagem, conduzidas por esse grupo político” – (Esio Feitosa)

Os vereadores da base governista também apontam que “fake news” têm sido produzidas na tentativa de desconstruir as políticas públicas adotadas no combate ao novo coronavírus. Ele citou, por exemplo, as críticas feitas à construção do hospital de campanha no Estádio Presidente Vargas e aquisição de equipamentos e insumos para socorrer pacientes vítimas da Covid-19. Para ele, todo posicionamento da oposição é movido por “interesses políticos”.

“As eleições se aproximam e isso parece exacerbar alguns setores da política o desejo insano de desconstruir as políticas públicas que têm salvo a vida de milhares de cidadãos e cidadãs de Fortaleza. Na mesma medida em que esse grupo político faz uma tremenda zoada para desconstruir medidas, eles se calam quando se trata de cobrar que o presidente que eles ajudaram a eleger, abra pelo menos um leito de UTI ou enfermaria em hospital público federal em nossa cidade”, apontou Feitosa.

Em defesa do grupo de oposição, o vereador Sargento Reginauro (PROS) destacou que, praticamente, todas as mensagens do Governo, apesar de críticas pontuais, receberam voto favorável da bancada. “A base do prefeito não tolera que ele seja questionado, parece que não querem que ninguém faça fiscalização. O que a bancada do PROS fez de concreto não foi impedir ações, mas denunciar a questão dos respiradores e fiscalizar o hospital de campanha”, disse.

Votação

Depois de toda a discussão Márcio Martins resolveu votar favorável ao projeto do Governo. No entanto, em suas redes sociais, voltou a questionar os repasses de R$ 17 milhões para a aquisição de “kits de alimentação”, o que segundo ele, é o mesmo valor que a Prefeitura teria perdido com a compra de respiradores que não chegaram a ser distribuídos para a população.

Em meio à disputa entre opositores aliados a Capitão Wagner e a base do prefeito Roberto Cláudio, os petistas que apoiarão a deputada federal Luizianne Lins têm evitado confrontos com a gestão, focando energia na votação de propostas que versam sobre redução dos efeitos do coronavírus na população. Segundo tem apontado Guilherme Sampaio (PT) em suas colocações, o embate político-eleitoral ficará para um segundo momento.

Peso eleitoral

A questão eleitoral também é vista nas entrelinhas, como na quantidade grande de projetos que os vereadores têm apresentado, todos versando sobre a pandemia de coronavírus na Capital. Muitos são de Indicação, que servem apenas como sugestão ao Governo. No entanto, têm um peso eleitoral considerável, uma vez que partem de demandas de determinados setores, que cobrarão dos parlamentares caso as medidas não sejam aprovadas.