A presidente do PT nacional, deputada federal Gleisi Hoffmann, esteve em Fortaleza dia 13 de fevereiro para dar o seu aval ao nome de Luizianne Lins para prefeita da Capital. Foto: Reprodução/Facebook.

As manifestações explícitas da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, em favor da candidatura de sua colega de Câmara Federal, Luizianne Lins, à Prefeitura de Fortaleza, são um atestado do interesse direto da cúpula petista na sucessão municipal da Capital cearense. Outras agremiações, também em preparação para a disputa presidencial de 2022, com menos avidez, querem alcançar o mesmo objetivo dos petistas: derrotar o candidato a prefeito apoiado por Ciro Gomes, por sinal, o mesmo do atual titular do cargo, Roberto Cláudio, do governador Camilo Santana e do senador Cid Gomes.

A decisão dos petistas da Capital cearense, no último domingo (05), confirmando o nome de Luizianne Lins para disputar a Prefeitura de Fortaleza, já estava acertada desde o início deste ano, à revelia de Camilo, como aqui registramos à época. A novidade do domingo foi os integrantes do partido não demonstrarem consideração alguma a um dos seus mais antigos filiados, Nelson Martins, exonerado do cargo de secretário do governador Camilo, para efeito de desincompatibilização, e ser um nome de conciliação entre o PT e o PDT. Nelson, chancelado por Camilo, sequer foi citado no evento petista, quando no mínimo deveria ter sido e ter conhecido das alegações dos correligionários sobre ser rejeitado.

O governador cearense continua filiado ao PT, mas a maioria do partido, inclusive a direção nacional, não o reconhece como um fiel petista. E ele realmente não o é. Camilo, e ele próprio faz questão de enfatizar, é parte de um projeto liderado pelos pedetistas Cid e Ciro Gomes. Este, pessoalmente, um inimigo da principal liderança do PT, o ex-presidente Lula, a quem Camilo ainda faz referências. A eleição de um filiado ao PDT, da inteira confiança de Ciro e Cid, faz parte do projeto que Camilo defende, pois será o sucesso eleitoral em Fortaleza a base para os planos do grupo para 2022.

Luizianne, embora tenha falado que buscará uma conversa com Camilo sobre sua participação na campanha municipal do PT, sabe que não contará com Camilo para o seu objetivo de ser eleita prefeita. Ela prepara o terreno para o seu discurso forte, contundente, contra o próprio governador por não estar no palanque dela. Sua postulação agrada ao comando nacional do partido por ser ela a única a ter coragem de enfrentar o discurso de Ciro, o alvo de Lula, embora que isso lhe traga prejuízos eleitorais permitindo que o principal adversário dela, o deputado federal Capitão Wagner, tenha um espaço mais livre para garantir sua ida ao segundo turno da disputa.

Só um grande desastre poderia acabar a eleição em Fortaleza no primeiro turno da disputa, dia 15 de novembro. Será, como tem sido ultimamente, uma disputa em dois turnos. O candidato governista, ainda desconhecido, certo de que será um nome digno de ser prefeito da Capital, pela estrutura político-partidária apresentada, irá para o segundo turno. O outro nome será Wagner ou Luizianne. Estes farão, no primeiro turno, a parte empolgante da disputa, claro, atentos à desenvoltura do postulante governista, auxiliado pelo prefeito e o governador. A direção nacional do PT tem como dar suporte à campanha de Luizianne. Wagner, mesmo com algum desconforto, terá de buscar socorro no presidente Bolsonaro.