Arte: Agência Câmara.

Mulheres interessadas em entrar para a política têm à disposição, a partir desta terça-feira (28), um curso gratuito e online oferecido pela Câmara dos Deputados.

O que é preciso para se candidatar? Como aumentar as chances de se eleger? Como construir o plano de campanha? Como superar as dificuldades de ser mulher na política? Essas e outras perguntas são respondidas no curso a distância Mulheres na Política, que tem duração total de oito horas e é aberto a qualquer mulher, principalmente às já filiadas a algum partido político.

Uma das idealizadoras do curso é a primeira-secretária da Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ). Ela destacou que se trata de uma ferramenta para estimular e dar suporte às mulheres que pensam em dar voz a suas causas.

“As mulheres se movimentam de forma diferente dos homens. Muitas vezes, os homens vêm para a política por uma disputa por poder. A mulher vai para política motivada por causas”, disse a deputada, que é a primeira mulher a ocupar a Primeira-Secretaria da Casa.

Soraya disse ainda que um dos desafios da bancada atualmente é estimular novas candidaturas femininas, a fim de aumentar ainda mais a participação da mulher nos espaços de poder. “Em 1988, tínhamos 4,5% de mulheres [na Câmara]. Em 2018, éramos 9,9% do Parlamento. Nesse mesmo ano, com a decisão do STF [Supremo Tribunal Federal] que garantiu não apenas 30% de candidaturas femininas, mas também 30% da verba de campanha e do tempo de rádio e TV a mulheres, subimos de 49 para 77 deputadas. A mulher não quer favor. Ela só quer direitos iguais”, completou.

Planejamento
Coordenadora-geral da Secretaria da Mulher, a deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), reforçou a concepção de que o curso faz parte de um conjunto de estratégias que deixem a mulher mais segura para ingressar na política. “Temos hoje a maior representação feminina da história da Câmara, porém ainda estamos sub-representadas”, afirmou, lembrando que as mulheres são maioria na população brasileira. “Há estados que ainda não têm deputada, e muitas câmaras de vereadores ainda não possuem mulheres”, acrescentou.

Para Professora Dorinha Seabra, o processo de formação deve ser contínuo, mas as mulheres não precisam saber tudo antes de se sentir aptas para ingressarem no processo eleitoral. “É uma ocupação que não é, nem pode ser improvisada. É orgânica, tem de ser planejada, e todos os espaços precisam ser ocupados. Com preparação, formação e também com força política. E essa é nossa tarefa no dia a dia”, declarou.

Obstáculos
A especialista em Ciência Política, Giovana Perlin, ressaltou alguns obstáculos que ainda tornam desigual a disputa eleitoral entre homens e mulheres. Entre as dificuldades, apontou ela, estão diferenças no financiamento das campanhas; a ausência de mulheres em posições estratégicas, inclusive nos próprios partidos; e peculiaridades da vida da mulher, como cuidados com filhos e a casa.

Como exemplo dessa disparidade entre os gêneros, Giovana citou o fato de até 2012 o Senado não possuir um banheiro feminino no Plenário. “Nem nossos mestres, que pensaram toda Brasília, conseguiram pensar que mulheres poderiam representar o povo brasileiro”, lamentou.

Fonte: Agência Câmara de Notícias.