Marco Aurélio presidiu a Corte nos anos de 2001 a 2003. Foto: Supremo Tribunal Federal.

Uma homenagem solene aos 30 anos de atuação do ministro Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal marcou a abertura da sessão desta quarta-feira (10). Vice-decano da Suprema Corte, ele completará três décadas no STF no próximo sábado (13).

O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, caracterizou Marco Aurélio como um “homem talhado para o colegiado”, “um dos mais notáveis juristas” e incansável defensor da Constituição. Toffoli também ressaltou que os votos vencidos de Marco Aurélio tornaram-se teses majoritárias e formadoras de jurisprudência na Corte com o passar dos anos.

“Exemplos emblemáticos são a declaração de inconstitucionalidade da proibição da progressão de regime aos condenados por crimes hediondos; a inconstitucionalidade da prisão do depositário infiel; a inconstitucionalidade da cláusula de barreira; o reconhecimento do instituto da infidelidade partidária e a constitucionalidade da prisão apenas após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, citou Toffoli.

O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, também parabenizou o ministro, “que sempre trouxe um olhar novo para questões relevantes”. O Advogado-Geral da União, José Levi Mello do Amaral, também homenageou o ministro.

Experiência

Marco Aurélio está a pouco mais de um ano para sua aposentadoria, que será em 2021. Tendo sido nomeado pelo presidente Fernando Collor de Mello e empossado em 13 de junho de 1990, o ministro viu, viveu e acompanhou mudanças significativas no país e nos tribunais.

Em 2002, assumiu interinamente a Presidência da República, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi então o responsável por sancionar a Lei 10.461, que criou a primeira emissora pública a transmitir ao vivo os julgamentos da Corte Suprema. “O projeto de criação saiu do meu gabinete. Foi uma coincidência muito feliz”, afirmou Marco Aurélio.

Como pai da TV Justiça, rebate a crítica de que a transmissão ao vivo e em cores desacelerou o ritmo dos julgamentos e inflou o ego dos julgadores. “A TV Justiça é publicidade! É levar para a população em geral o que é julgamento e aproximar a justiça da sociedade. É irreversível e dá transparência maior à vida do próprio Supremo”, afirmou em entrevista ao Anuário da Justiça Brasil 2020, com lançamento previsto para agosto.

Durante o vaivém de entendimentos que perpassou a jurisprudência nos últimos dez anos sobre a execução antecipada da pena, o ministro, como integrante da 1ª Turma, se manteve firme na posição que sempre sustentou. Continuou a deferir liminares em Habeas Corpus para afastar a execução provisória em diversos casos. No colegiado da turma, ele costuma ficar vencido. Quando a matéria é tratada em HC, é comum o placar de quatro votos contra o dele.

Marco Aurélio é defensor do debate “olho no olho”, motivo pelo qual vê no Plenário Virtual o “maior mal da jurisdição atual”. Costuma dizer que a premissa básica do colegiado é que os ministros se completem mutuamente e troquem ideias. Não ignora que a ferramenta é importante em termos de celeridade, mas entende que ela dificulta a discussão do conteúdo. Já sobre os julgamentos presenciais, considera que eles devem ser cada vez menos permeados por academicismo, como forma de dar celeridade e evitar o elevado número de processos parados nos gabinetes.

Com informações do site ConJur.