Delegado Cavalcante (primeiro da esquerda) em ato pró-Bolsonaro, em Brasília. Foto: Reprodução/FB.

A Assembleia Legislativa do Ceará já encaminhou para o Ministério Público estadual informações sobre a conduta de funcionários do deputado Delegado Cavalcante (PSL), que teriam atuado na criação do “Aliança pelo Brasil”, partido idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a denúncia, o parlamentar teria utilizado recursos públicos, inclusive a Verba de Desempenho Parlamentar (VDP), para financiar a tentativa de criação da legenda no Estado.

O Legislativo cearense, a pedido do Ministério Público, enviou por e-mail, e em seguida, protocolou em meio físico, documentos solicitados pela Procuradoria Geral de Justiça. As informações encaminhadas pela Casa Legislativa afirmam que não houve aquisição de passagem para servidores.

O MP havia questionado se recursos públicos tinham sido usados pelos funcionários de Cavalcante, como a Verba de Desempenho Parlamentar (VDP). Mas de acordo com os dados encaminhados, não há indício de que isso tenha ocorrido.

As denúncias dão conta de que o parlamentar utilizou funcionários do seu gabinete para coletar assinaturas de apoio à criação do “Aliança pelo Brasil” no Ceará e em outros estados do Nordeste.

O promotor que iniciou o processo, Ricardo Rocha, chegou a dizer que, em tendo procedência, o caso se configuraria como ato de improbidade administrativa, e provavelmente, uso de dinheiro público, para uma atividade privada.

O Ministério Público recebeu documentos com imagens e vídeos tirados das redes sociais dos assessores parlamentares de Cavalcante em viagens para os estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Um dos vídeos mostra uma assessora do gabinete do deputado vestida com a camisa do partido de Bolsonaro realizando atividades em uma terça-feira, data em que deveria estar em atividades relacionadas ao cargo que ocupa na Assembleia Legislativa.

Quando da denúncia, ainda no mês passado, Delegado Cavalcante encaminhou nota à imprensa dizendo que sempre se pautou “com os princípios da moralidade e probidade” e que não possui qualquer procedimento de desvio de conduta em sua carreira política. Disse ainda, na época, que não fora notificado dos fatos, “reservando-me a prestar qualquer esclarecimento após tomar conhecimento de todo o procedimento”.