Senador Flávio Bolsonaro (RJ) é denunciado pelo suplente, Paulo Marinho. Foto: Edilson
Rodrigues/Agência Senado.

É grave a acusação feita pelo empresário e suplente do senador Flávio Bolsonaro, Paulo Marinho, sobre um policial federal ter informado, de forma inapropriada ao senador, em outubro de 2018, após a realização do primeiro turno das eleições nacionais, quando Flávio, e o denunciante já estavam eleitos, da existência de uma investigação na Superintendência da Política Federal (PF) do Rio de Janeiro, envolvendo um dos assessores do ainda, à época, deputado estadual fluminense.

Mas a gravidade maior, embora menos explorada, é o fato de a investigação não ter sido deflagrada, na sua parte externa, sob a alegação de poder prejudicar a candidatura do atual presidente Jair Bolsonaro, no segundo turno da disputa presidencial, acontecida no dia 28 de outubro daquele ano. A tal Operação Furna da Onça só foi às ruas no dia 8 de novembro de 2018. Nesta data Bolsonaro já estava eleito.

Uma nota foi publicada nesta segunda-feira (18) pela assessoria do Tribunal Regional Federal 2, registrada pelo UOL: “O relator da operação Furna da Onça, o desembargador federal Abel Gomes, afirmou que a operação não foi adiada para beneficiar a candidatura de Jair Bolsonaro (hoje sem partido, à época no PSL) no segundo turno da eleição presidencial em 2018”, e “sim deflagrada no momento que se concluiu mais oportuno, conforme entendimento conjunto entre o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e o Judiciário”.

A denúncia do empresário e suplente do senador Flávio Bolsonaro, foi feita na edição do jornal Folha de S. Paulo, do último domingo (17), motivando também manifestação de pessoas da Procuradoria da República, admitindo que o procurador-geral, Augusto Aras, estuda a possibilidade de investigar o caso do suposto vazamento seletivo.

O fato, por si só é explosivo, pois atinge diretamente a imagem de uma instituição da mais alta credibilidade, a PF, sobretudo enquanto Polícia Judiciária.

No momento, em razão das denúncias do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sobre a pretensão do presidente Bolsonaro querer ter influência ou ligação direta com o seu diretor geral, a Polícia Federal está na berlinda. Esta acusação potencializa a denúncia de Paulo Marinho, reclamando, por conseguinte, uma resposta clara, induvidosa e rápida da PF, mesmo sendo ela dependente de decisões judiciais para efetivar parte do seu mister. O Ministério Público federal, por suas competências legais, também precisa dar satisfações à sociedade, não só pedindo a devida investigação, mas agindo com o rigor esperado pela sociedade para a salvaguarda do seu direito e garantias de ter instituições públicas agindo bem para a satisfação de todos.

Mesmo estando num momento em que todos, dizem tudo, em nome da liberdade de expressão, nem sempre, de plano, devemos acreditar ou desacreditar no que tem sido dito. Mas, qualquer que seja a dúvida levantada sobre atuação ou omissão dos órgãos públicos, em qualquer das esferas da administração, o ente citado precisa vir a público, não para simplesmente dizer que aquilo não é verdadeiro, mas para provar que não é verdade, inclusive punindo, com a severidade merecida, o responsável ou responsáveis pelo delito que macule a instituição. No caso em questão, a denúncia do empresário e suplente de senador, os esclarecimentos precisam ser dados no mais breve espaço de tempo possível.

Paulo Marinho era um dos mais íntimos amigos do presidente Jair Bolsonaro e de sua família, embora a relação deles não fosse tão antiga, mas o fato de a parte mais importante da campanha de Bolsonaro ter sido realizada na sua casa, mostra bem a intimidade entre eles. Em toda campanha eleitoral majoritária, a preparação da propaganda eleitoral a ser exibida na televisão é a parte mais importante. A de Bolsonaro foi feita na casa de Paulo Marinho, permitindo assim, que ele fosse um dos mais importantes integrantes do núcleo da campanha, consequentemente de confiança para tratar de outros temas de interesse da campanha e, principalmente, a do senador Flávio Bolsonaro, de quem é suplente.