Solicitações de parlamentares vão além dos recursos orçamentários do Governo do Ceará. Imagem: freepik.

Na última semana, utilizando-se do meio seguro de comunicação pela Internet, o governador Camilo Santana conversou, coletivamente, com os deputados estaduais que lhes prestam apoio na Assembleia Legislativa, quando cientificou-os das providências adotadas pelo Governo no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, renovando o pedido do apoio parlamentar para as novas mensagens encaminhadas à consideração deles, por sinal aprovadas na última sexta-feira (17).

Depois da sua fala, o governador abriu espaço para ouvir as considerações dos correligionários, após uma prestação de contas rápida feita pelo secretário de Saúde estadual, Dr. Cabeto, presente na reunião.

Sugestões mesmo Camilo recebeu poucas. Pedidos foram inúmeros, evidentemente, todos ligados à questão da saúde. O governador não assumiu compromisso de atender, mas prometeu estudá-los. É possível até que algumas das solicitações dos deputados estejam no projeto de socorro à população mais vulnerável às consequências dessa pandemia. Mas a grande maioria dos pedidos, ou sugestões, extrapola os limites da sensatez e impossível de execução por falta de recursos orçamentários. UTIs e novos hospitais estão no rol do menos esdrúxulo reivindicado, embora se saiba que os únicos hospitais possíveis de serem construídos são os chamados de campanha, com tempo certo para desativação.

Aos governantes devem ser dirigidas as cobranças, solicitações, sugestões, enfim, as manifestações da sociedade. Mas elas precisam ser razoáveis para não parecerem fantasiosas ou um simples exercício de política demagógica, dando margem à repulsa, inclusive dos mais necessitados da ajuda governamental. A propósito, essa onda de pedidos inverossímeis aos governantes é em quase todas das Casas legislativas, começando pelo próprio Congresso Nacional, embora as atividades dos parlamentos nacionais estejam parcialmente prejudicadas, plenamente justificáveis pela necessidade de que sejam evitadas aglomerações, um dos remédios de contenção da propagação da doença.

O Orçamento do Estado do Ceará, mesmo sendo um dos mais equilibrados dentre todas as demais unidades da Federação, não comporta a criação de quaisquer outras despesas permanentes. Ele já está deveras sacrificado, e assim continuará por um certo tempo, até que a economia tenha um novo recomeço, portanto, todos os seus recursos terão que ser dirigidos para o socorro emergencial da população, cessando os gastos quando debelada estiver a crise, embora que por um certo espaço de tempo, o setor da saúde ainda venha a reclamar pouco mais de recurso para manter a vigilância contra a reincidência do vírus, além do socorro aos sequelados da pandemia.