Com aglomerações proibidas, pré-candidatos focam no uso das redes sociais para chegar ao eleitor. Foto: Divulgação.

É nítido e notório que em ano eleitoral, ainda antes do período de campanha, aqueles que se colocam como pré-candidato saem às ruas, viajam para suas bases eleitorais em busca de apoio eleitoral, bem como segurança financeira para garantir um bom desempenho na disputa. Neste ano de 2020, porém, devido à pandemia de coronavírus, as coisas estão um tanto diferentes, e complicadas, para muitos daqueles que devem postular a cadeira de prefeito nos 184 municípios do Ceará.

O foco mudou. Ao invés de apontar falhas da administração pública vigente, a oposição, por exemplo, tem se dividido entre as ações de combate à pandemia da Covid-19 e encontrar erros na gestão em tempos de calamidade pública. Isso tem sido notado com mais clareza no Município de Fortaleza, onde alguns deputados estaduais e federais já se colocaram como pré-candidatos à disputa eleitoral.

Outra ansiedade dos pretensos postulantes diz respeito até sobre o período das eleições propriamente dita, uma vez que alguns deles acreditam que o processo eleitoral possa ser adiado, visto o momento de crise na saúde vivenciada em todo o Brasil.

O mesmo acontece com aqueles que disputarão o cargo de vereador. Impossibilitados de realizar eventos públicos, para evitar aglomerações, muitos dos políticos que tentam reeleição nas casas legislativas, têm aderido às redes sociais para tentar se aproximar cada vez mais do eleitorado em potencial.

O Blog do Edison Silva conversou com alguns pré-candidatos ao próximo pleito, e a maioria afirmou que o foco deve ser o combate ao coronavírus. Eles também destacaram que o momento é de se adaptar às novas realidades tecnológicas para se chegar ao público alvo.

“Essa quarentena prejudica a pré-campanha, porque estamos proibidos de fazer encontros e reuniões”, disse o deputado estadual Bruno Gonçalves (PL), pré-candidato a prefeito em Aquiraz. Segundo ele, a campanha virtual, agora, passa a ser ideal em tempos de pandemia.

Elmano de Freitas (PT), que colocou seu nome para a disputa no Município de Caucaia, destacou que é preciso aguardar o tempo de permanência da pandemia no Estado, para se ter uma ideia da possibilidade de se manter a eleição em uma data viável. Segundo ele, a regra de isolamento é para todos, e com isso, as dificuldades serão de todos. “O importante é que se mantenha a igualdade na disputa. Agora, a gente tem que pensar menos nisso, porque muita coisa precisa ser feita no atendimento da população”, afirmou.

Pré-candidato em Cariús, o deputado Nizo Costa (PSB) disse que o momento não é adequado para se pensar no próximo pleito “tendo em vista o momento de pandemia que estamos vivendo. Acho que neste momento, não temos como articular nenhuma estratégia que não seja conscientizar as pessoas a ficarem em casa e ajudar as equipes de saúde para controlar o avanço do coronavírus”.Depois que tudo passar, em um outro momento, o pleito volta a ser prioridade”, destacou.

O ex-deputado estadual Carlos Matos, que é tido como o nome do PSDB para a disputa à Prefeitura de Fortaleza, diz que a pandemia é “prioridade absoluta” neste momento. Segundo ele, a comunicação à distância será um meio de fazer com que a mensagem dos postulantes chegue até o eleitorado, como já vem acontecendo desde pleitos passados.

TSE

“Na política isso já era uma realidade, muitos se elegeram à distância. Mas esse canal vai crescer bastante. Vamos precisar saber também se os calendários serão mantidos, o que eu acho muito difícil de acontecer”, disse o tucano.

Renato Roseno (PSOL), que pretende disputar a Prefeitura de Fortaleza, foi no mesmo sentido. “Temos que aguardar junho e ver se o TSE adapta o calendário”.

Para Capitão Wagner (PROS), que também é pré-candidato a prefeito na Capital cearense, eleições devem ser a menor preocupação para os políticos neste momento. Segundo ele, o foco daqueles que pretendem se candidatar para o pleito municipal é dispender energia para tentar minimizar os impactos do coronavírus na saúde e na economia do País e das cidades. “Depois a gente pensa nas eleições. Acho que não pode ser nossa preocupação. Se demonstrarmos preocupação com isso, vamos tirar o foco do que interessa para a população”.

Manifestações

“Naturalmente o período de isolamento físico impede uma série de ações, de encontros, palestras, etc. Todavia, segue sendo um momento onde a atuação política de cada pré-candidato pode ser analisada pelas suas manifestações, posturas e ações”, disse o deputado federal Célio Studart (PV), que também pretende disputar a Prefeitura de Fortaleza.

Segundo ele, essa disposição dos postulantes no combate à pandemia passa a ser a forma da população avaliar os pré-candidatos. “É algo inédito e complexo, diferente de todas as outras pré-campanhas. Mas demonstrar comprometimento com soluções para essa crise, saber ser transparente e ter uma boa comunicação através das redes sociais passa a ser vital para esse período”, concluiu.