Desde o dia em que repercutiu no Brasil a eclosão do vírus que veio da China, passar do pouco caso que a ele se lhe deu à conscientização do monstro que ele era, foi um flash rápido que tornou bem nítida a fotografia do desastre. O tamanho do perigo e da ameaça do exército invisível do inimigo sem bandeira, sem cor, fazia frente a todos os exércitos do mundo, mesmo que se juntassem para enfrentá-lo.
De repente, o mundo inteiro ficou de joelhos, rendido incondicionalmente, ainda que momentaneamente, a essa força avassaladora chamada Covid-19, uma doença infecciosa causada por um novo vírus que nunca havia sido identificado em humanos. Nem todos os cientistas do mundo, nem toda a tecnologia e nem mesmo a força da Inteligência Artificial, até o momento em que escrevemos este texto, coincidentemente no final da tarde de 1° de abril, foram capazes de descobrir a cura ou armas para interromper a destruição que esse mal vem causando a todos os países do mundo.
Por enquanto, o conselho mais sensato, baseado nos cientistas, é a reclusão em casa e o afastamento das pessoas, principalmente dos velhos, os alvos mais fáceis porque o seus corpos já estão cansados de outras mazelas que conseguiram vencer. A alegria da visita dos netos ou dos filhos mais jovens, está seriamente sugerida, para não dizer proibida.
A construção apressada de milhares de leitos e dezenas hospitais de campanha, a busca por equipamentos (respiradores) assusta porque as notícias dão conta de que a crise apenas começou. A solidão silenciosa e mansa a que os pais e avós eram lentamente relegados pela maioria dos jovens, agora tem uma razão que justifica o afastamento: o perigo que esses jovens, os menos afetados (aparentemente) podem trazer dentro de um simples e rápido abraço de fim de semana para esses idosos.
Nem sabemos o tamanho da força desse furacão nem quando chegaremos ao olho desse mesmo furacão, onde reina uma calma aparente ou quando ele se dissipará e as pessoas poderão reconstruir suas vidas e que, a bem da verdade, será muito diferente. Em tudo. Estamos escrevendo a cada dia e com a chegada de cada notícia dentro de casa, os capítulos da pior história da humanidade. Não sabemos aonde iremos parar ou quando poderemos sair.
Ainda sentiremos muito medo e por um tempo não poderemos confraternizar com os amigos igualmente reclusos. Mesmo os mais jovens afoitos, carregarão seus medos por um tempo. Falar de HOJE é tudo que nos resta. Seguir as instruções dos alquimistas é a opção mais segura, a única luz. Falar do AMANHÃ não faz sentido, mesmo com muita fé. Os que “faziam” milagres todos os dias também estão de quarentena. Os templos estão fechados. Cada um abraça-se à sua fé dentro de casa e fazem dela seu templo individual. Deus, glorioso e clemente entenderá, não é à toa que é onisciente e onipresente. Resta-nos, no momento, perguntar a ELE, respeitosamente genuflexo e de mãos postas: “Senhor, como será o dia depois do fim dessa provação…?”
Texto de A.Capibaribe Neto
Especial para o Blog do Edison Silva