Preocupação dos vereadores era como chegar até o eleitorado em momento de pandemia. Foto: Miguel Martins.

A eleição deste ano tem se mostrado cada vez mais complicada para os candidatos ao legislativo municipal. Na Câmara Municipal de Fortaleza, depois de saberem que não iriam mais poder se coligar, e após a informação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre o cancelamento de mais de 300 mil títulos de eleitores, os vereadores, agora, se deparam com uma crise ocasionada pela pandemia de coronavírus, que dentre outras coisas, impossibilita o contato direto entre as pessoas.

Na sessão ordinária desta terça-feira (17), os parlamentares da Casa alternavam o debate entre os métodos que devem ser adotados para evitar a transmissão do vírus na Capital cearense e os novos mecanismos que devem ser utilizados para se chegar à população, uma vez que o vereador é o político que mais contato direto tem com o povo.

Alguns disseram que vão buscar utilizar cada vez mais os meios digitais para dialogar com o eleitorado, outros, porém, esperam que a crise na saúde seja minorada com o passar do tempo.

Apesar de ainda não estarem em período eleitoral, o tema tem sido debatido constantemente, seja nos corredores da Câmara Municipal, seja no dia a dia dos bairros onde esses parlamentares representam.

“Temos que ter responsabilidade e darmos nossa resposta. Eu tinha reunião com representantes de aplicativos e cancelei essa reunião. Vou evitar reuniões onde a gente possa propagar mais o vírus e orientar mais as pessoas”, disse o vereador Eron Moreira (PDT).

“A gente espera que até julho não tenha mais esse problema, mas temos que trabalhar muito nas mídias digitais. Eu tenho mala direta com mais de 10 mil pessoas. Até dentro de casa a gente pode montar um estúdio para divulgar nosso mandato. Se Deus quiser em julho estará resolvido” – (Eron Moreira)

Para a vereadora Larissa Gaspar (PT) o legislativo passa por um desafio que é preciso ser obedecido, uma vez que há orientação das autoridades de saúde. “Vamos precisar nos reinventar. Temos o auxílio da tecnologia para nos comunicarmos com os nossos eleitores e continuar defendendo melhoria na cidade, mas mantendo certo distanciamento. Vamos ter que fazer comunicação virtual”, defendeu.

Segundo ela, a situação vai prejudicar os encaminhamentos dados pelos vereadores, uma vez que a presença do parlamentar no dia a dia das pessoas é fundamental e faz a diferença. “Nada como você ouvir, dar um abraço. Tudo isso está sendo proibido pelas autoridades de saúde. E é tudo o que a gente faz. Até porque não é todo mundo que está conectado nas mídias sociais”, disse.

Sargento Reginauro (sem partido) disse que não se pode abrir mão das orientações feitas pelas autoridades. Segundo ele, o Ceará ainda não está em estado crítico, mas não há um prognóstico bom.

Vereadores discutem principais temas da casa: Coronavírus e eleições. Foto: Miguel Martins.

“Esse processo é natural. A população não deve querer contato direto com ninguém. É bom que cancele e acredito que se chegarmos até a eleição dentro dessa realidade, o histórico e o trabalho cotidiano de cada político é o que deve definir. Mas não podemos colocar as eleições acima de tudo”, defendeu.

Saúde

Mairton Félix (PDT) também destacou a necessidade de orientar os eleitores para evitar este tipo de aglomeração. Representante de igrejas evangélicas na cidade, o pedetista ressaltou que o trabalho tem que ser feito de maneira que não afete a saúde das pessoas.

O presidente do Legislativo Municipal, o vereador Antônio Henrique (PDT), afirmou que dará preferência para atividades de visitas a obras em andamento ou em conclusão. Segundo ele, é preciso tomar as devidas precauções até que se tenha um novo prognóstico da situação na cidade e no Estado.