Tasso soma-se à manifestação de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, exortando os demais poderes a se unirem. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebon/Agência Senado.

O senador Tasso Jereissati (PSDB) divulgou nesta quarta-feira (25) nota posicionando-se sobre as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, feitas durante pronunciamento na noite dessa terça-feira (24) em cadeia de rádio e televisão.

Tasso diz que o Presidente está “na contra-mão do que pregam todas as autoridades sanitárias” e que “qualquer proposta neste momento, no sentido de que não haja o isolamento das pessoas é absolutamente irresponsável. No entanto, não posso deixar de alertar para a urgência de medidas de amparo para as populações que tem trabalho informal e não tem acesso aos benefícios sociais”. Confira:

“NOTA

Gostaria, primeiramente, de expressar todo meu apoio à manifestação do Presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre, exortando os demais poderes a se unirem, envidando todos os esforços e recursos disponíveis para o enfrentamento desta gravíssima crise, que põe em risco a vida de milhares de brasileiros.

Por outro lado, constato, com preocupação, a postura do Presidente Jair Bolsonaro, que vai na contra-mão do que pregam todas as autoridades sanitárias do mundo e insistindo numa insensata política de confronto com governadores e a imprensa. Mais absurda ainda, é a ideia que começa a se disseminar a partir do discurso do Presidente, de que a morte de alguns seria o preço a se pagar pela manutenção de empregos e da atividade econômica, este sim o “mal maior” a ser combatido.

O Brasil vem adotando ações alinhadas com o conhecimento científico disponível, com o aprendizado que a cada dia se produz globalmente sobre a doença e com a experiência de outros países, sob a orientação das maiores autoridades sanitárias mundiais, nacionais e locais.

O Presidente propõe o isolamento vertical dos grupos de maior risco (idosos e doentes crônicos) liberando crianças para volta às escolas, a reabertura do comércio e serviços.

Sequer indica de que forma tal “isolamento seletivo” se daria, ignorando (ou fingindo ignorar) que os idosos acima de 65 anos no Brasil representam cerca de 10,5 % da população brasileira, que vivem em sua enorme maioria em condições insalubres e com alta concentração populacional. Ao liberar os familiares dessas pessoas ao convívio social normal, estaríamos condenando irremediavelmente à morte toda essa parcela da população.

Essa cruel contabilidade contém uma equação cujo resultado é medido em vidas humanas.

Tasso Jereissati

Senador”